Por Noelia Brito O programa “Fantástico” da Rede Globo revelou para o Brasil, no último domingo, uma realidade que vem sendo de há muito denunciada por professores e alunos da rede pública de ensino de Pernambuco: que esta é uma das três piores do país.

Proliferam na internet, vídeos amadores feitos por alunos cansados na inércia das autoridades constituídas que deveriam zelar por seus interesses, tais como CGU, Ministério Público, TCE e TCU, denunciando a situação caótica das escolas públicas pernambucanas, onde o governador, candidato à presidência da República precisa se utilizar, em sua propaganda partidária, de imagens de uma universidade privada, para simular uma realidade que só existe na criatividade de seus marqueteiros pagos a peso de ouro para ludibriar a população com ilusionismos midiáticos.

Mas alguém há de dizer que as escolas mostradas no “Fantástico” eram municipais, portanto, não fazem parte do fantástico mundo vendido por Dudu Campos, o messias que tem prometido salvar o país das garras petistas com as quais andava abraçado até bem pouco tempo.

Pois é, pois é.

Mesmo ciente do nível de degeneração das redes de ensino municipal, nosso messias, nosso “salvador da pátria” desencadeou uma política de municipalização das escolas estaduais, transferindo a gestão destas para os municípios que, como já deu para perceber, não têm sequer capacidade para gerir suas próprias escolas.

Se num município como Jaboatão dos Guararapes, contemplado com o terceiro PIB do Estado (até bem pouco tempo era o segundo, atrás apenas da capital, Recife) ainda nos deparamos com situações como a reportada pelo Fantástico, o que podemos esperar de outras cidades para as quais o messias Eduardo está transferindo a responsabilidade pela gestão de várias escolas estaduais?

Já dissemos aqui, mas não custa lembrar que após fiscalizar a secretaria de Educação de Eduardo Campos e as secretarias municipais de Pernambuco, o que constatou a CGU foi a péssima gestão dos recursos federais que lhes foram repassados, já que mesmo com substancial elevação desses repasses, o mesmo não se observou quanto à qualidade do ensino ofertado aos alunos.

Para se ter uma ideia, entre 2009 e 2011, o Ministério da Educação aumentou os repasses para os municípios pernambucanos, de R$ 1,68 bilhão para R$ 2,38 bilhões, mas o Ideb, que mede a qualidade do ensino, só cresceu de 3,35 para 3,55, ou seja, não cresceu.

Nas escolas estaduais a má gestão dos recursos doi a mesma.

Apesar de receber um incremento de 36,25% de repasses federais entre 2009 e 2011, o Ideb só cresceu 7,07%.

Para onde foram drenados esses recursos, se as escolas estão em péssimas condições e os professores figuram nas listas mais mal remunerados do país?

Na falta de oposição séria em Pernambuco, quem sabe a candidatura presidencial de Eduardo Campos nos sirva pelo menos para que alguém de fora de nosso Estado nos traga essa resposta.

Noelia Brito é advogada e procuradora do Município