Por Aldo Amaral – Presidente da Força Sindical de Pernambuco A Constituição Federal garante o direito de ir e vir das pessoas.

A circulação no território brasileiro é livre.

Não existe na Carta Magna limitação à livre movimentação dos indivíduos.

Tal limitação, inclusive, poderia vir da renda, do pertencimento a determinado gênero, conflitos ou a dada profissão.

Mas, se isto ocorresse, não poderíamos afirmar que o Brasil é uma democracia.

Afirmamos, portanto, que o Brasil é democrático em virtude de que o Estado garante o direito de ir e vir das pessoas.

O desenvolvimento econômico deve promover a igualdade dos direitos.

No momento em que ele incentiva a desigualdade dos direitos, estar-se-á diante de malefícios para a sociedade.

As instituições estatais existem para evitar ou amenizar os malefícios do desenvolvimento econômico para as pessoas.

Então, as instituições precisam agir para que o desenvolvimento econômico traga benefícios e, em particular, a garantia da igualdade de direitos entre os indivíduos.

O porto de Suape foi construído com o apoio de diversos governos, empresas e as mãos dos trabalhadores.

Variados gestores garantiram os meios necessários para que o porto de Suape fosse o polo de desenvolvimento de Pernambuco.

As empresas privadas fizeram a sua parte.

E os trabalhadores suaram as suas mãos e rostos com trabalho, dedicação e sonhos.

Por falar em sonhos, quantos cidadãos pernambucanos foram para Suape com o objetivo de realizar os seus sonhos?…

Sonhos todos nós temos.

Desejamos realizar nossos sonhos.

Os trabalhadores de Suape sonham com um futuro melhor.

Sonham em manter o bem-estar das suas famílias.

Sonham em manter o emprego.

Sonham com um Pernambuco desenvolvido.

Os trabalhadores de Suape sabem contar para cada um de nós, independente da função profissional, cada tempo dedicado ao Porto.

Os trabalhadores de Suape reconhecem o papel das empresas privadas e dos governos na construção do Porto de Suape.

Mas os trabalhadores de Suape não sonharam e nem esperavam que o seu direito de ir e vir pudesse ser limitado por uma cobrança de pedágio.

Eles, hoje, para entrarem no porto de Suape em veículo próprio com o objetivo de trabalhar precisam pagar pedágio.

E não existe alternativa.

Eles precisam pagar, obrigatoriamente, pedágio.

Alguém, sabiamente, pode alegar: os trabalhadores podem utilizar o transporte público para ter acesso ao porto de Suape.

Sim, mas existe oferta suficiente e com qualidade que garanta eficiência e bem-estar na locomoção dos trabalhadores para o Porto?

Existe outro argumento, aparentemente sábio: os governos anunciaram diversas obras com o objetivo de melhorar a oferta do transporte público para o acesso ao porto de Suape.

Então, indago: estas obras já estão prontas?

Se, não, quando estas obras serão entregues?

Friso que as obras não estão prontas e desejo saber dos governos quando elas serão entregues.

Direitos são conquistados com diálogo.

O ato de reclamar é um direito do trabalhador.

Como presidente da Força Sindical de Pernambuco, estou, desde janeiro deste ano, dialogando com empresas e trabalhadores sobre o direito de ir e vir em Suape.

Tenho a expectativa que o diálogo incentive empresas e governos a encontrarem solução para os trabalhadores de Suape.

Cobrar pedágio sem garantir alternativa para a circulação e, diante da ausência de incentivos, possibilita que o direito de ir e vir dos trabalhadores não mais exista.