Por Fernando Rodrigues O Supremo Tribunal Federal decidiu que os mensaleiros não praticaram o crime de formação de quadrilha.

Com essa nova interpretação, quantos votos a mais o PT receberá no dia 5 de outubro?

Nenhum.

Antes da reviravolta, quando os petistas ainda eram quadrilheiros, quantos votos a mais ganhava a oposição?

Nenhum. É nulo o impacto eleitoral da decisão do Supremo.

A imagem do PT já estava avariada.

O ganho difuso (e mínimo) da oposição já foi contabilizado há muito tempo.

Persistirá a “luta política”.

O PT e os mensaleiros argumentam que agora foi feita justiça, antes solapada por interesses políticos.

O PSDB e outros oposicionistas gritam que ocorreu uma grande politização e tudo está armado para, em breve, todas as penas serem anuladas.

Trata-se de uma guerra retórica.

Entrar no mérito da decisão do STF é mergulhar em areia movediça.

Haverá sempre argumentos sustentando a posição de ambos os lados.

O fato é que a batalha está perdida para os mensaleiros.

O Datafolha apurou em novembro passado que 86% dos brasileiros eram a favor da prisão dos condenados.

Entre os simpatizantes do PT, o percentual registrado chegou a 87%.

Quando um político subtrai dinheiro público, todos desejam que o recurso seja devolvido, que o criminoso pague uma multa e passe um tempo na cadeia.

No mensalão, já houve multa e prisão.

A devolução da verba surrupiada ainda depende de cobrança na Justiça.

O defeito desse processo não foi a absolvição do crime por formação de quadrilha.

O problema maior foi a demora.

O caso é de 2005.

Passaram-se nove anos e o julgamento continua aí.

A responsabilidade é de todos.

Da Justiça, por se acomodar, e do Congresso, que não altera a lei e permite tal tipo de morosidade incompatível com uma democracia consolidada.

Fora isso, ninguém mais aguenta falar de mensalão.