Um dos maiores especialistas em mercado cambial do País, o empresário e presidente da Tendências Consultoria, Nathan Blanche, em palestra proferida no Recife, para mais de 100 líderes empresariais e autoridades, convidados do LIDE Pernambuco, assinalou que o Plano Real, que celebra duas décadas, na próxima quinta-feira (27), está doente e precisa urgentemente ser hospitalizado.
Para Blanche, o governo federal deixou de lado o conceito e sustentabilidade da política econômica, que norteava as origens do Plano Real. É necessária, segundo ele, a retomada urgente dos três pilares, sustentáculos da economia: câmbio flutuante, metas de inflação e responsabilidade fiscal. “Do jeito que está nem sabemos por onde caminha a atual política.
Há um cenário de insegurança, de falta de credibilidade”, alertou.
Para ilustrar tal curva descendente na economia brasileira Blanche ilustra a escalada do Produto Interno Bruto (PIB).
Segundo dados do IBGE e projeções da Tendências Consultoria, o PIB do 3º trimestre mostrou queda de 0,5%, uma queda maior que a expectativa.
Para o 4º trimestre espera-se uma recuperação modesta, de apenas 0,2% de alta.
Tal desempenho, segundo ele, teria sido influenciado pelos resultados ínfimos de setores como indústria e serviços, e a queda da agropecuária.
Do lado da demanda, por outro lado, houve retração de investimentos e exportações. “Tivemos também uma expectativa para revisão do PIB de 2012 frustrada, sendo de apenas 0,1 pontos percentuais, de 0,9% para 1,0%”.
Assinala.
Como projeção para o PIB em 2014, a estimativa é menor ainda, de 2,1%, e com ligeiro viés de baixa.
Para ele, tal modelo vem gerando “desequilíbrios que resultam em maior incerteza quanto à evolução da economia, menor dinamismo dos investimentos e, consequentemente, crescimento mais baixo do PIB.
O PIB em dólares deste ano já deve ser 4% abaixo do registrado em 2013”, estima o especialista.
Duas balanças que não se equilibram.
Essa é a constatação de Nathan Blanche referindo-se à questão a produtividade na economia brasileira.
O ritmo de elevação dos salários é superior ao avanço da produção, que segue tímida.
Com isso, o custo unitário do trabalho cresce de maneira significativa.
Em moeda estrangeira, a elevação dos custos é ainda maior, sendo a grande explicação para a piora da competitividade da indústria brasileira.
A perda de confiança por parte dos investidores, a deterioração da imagem do Brasil e um desempenho macroeconômico medíocre são preocupantes, segundo o especialista. “Urge a mudança da matriz econômica atual implantada pelo governo federal”.
Ou seja, para ele o modelo de incentivar o consumo e manter a presença do Estado na economia, está esgotado. “Por ora, encerrou-se fase de consumo, que se expandiu muito acima do PIB.
O fato é que o governo não possui margem para promover novos impulsos econômicos”.