O toque de recolher que grupos de criminosos estão impondo em algumas áreas de Ipojuca levou os promotores de Justiça do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Paula Katarine e Rinaldo da Silva, a convocarem uma reunião com representantes da Prefeitura Municipal, Polícia Militar e Polícia Civil, para discutirem as causas da coação e articularem ações de combate à iniciativa dos bandidos.
Para o procurador-geral de Justiça, Aguinaldo Fenelon, é inadmissível a ação de bandidos em cercear a liberdade dos cidadãos de Ipojuca.
Durante a reunião realizada na sede da Promotoria de Justiça de Ipojuca, os promotores relataram que os moradores das comunidades de Salinas, em Porto de Galinhas, e Bairro 13, em Nossa Senhora do Ó, estariam proibidos de sair às ruas após as 21h, por determinação dos traficantes que agem na área.
As queixas ainda dão conta de que o comércio nesses locais precisa fechar as portas neste horário e que os bandidos quebram a iluminação pública para deixar as ruas às escuras. “Precisamos tomar providências para que a população não permaneça refém”, afirmou o promotor Rinaldo da Silva.
Assim, a discussão se direcionou para o que de imediato poderia ser feito.
A princípio, ficou decidido que será necessária uma força-tarefa entre as polícias para investigar e patrulhar as áreas.
Os representantes da Polícia Civil e da Polícia Militar expuseram na ocasião que contam com pouca estrutura humana e de veículos para desenvolver as ações.
De acordo com o delegado Luciano Siqueira, ele dispõe de apenas três agentes de polícia para o serviço externo, que prevê a cobertura de todos os bairros de Ipojuca.
Ao tomar conhecimento dos fatos, Fenelon encaminhou ofício ao secretário estadual de Defesa Social, Alessandro Carvalho, cobrando providências urgentes no sentido de coibir a ação dos bandidos, aumentando inclusive o contingente policial e civil no município. “Não podemos admitir que bandidos imponham toque de recolher em lugar nenhum”, reagiu Fenelon, lembrando que “isso é muito grave e precisa ser corrigido imediatamente”.
Por sua vez, o secretário municipal de Defesa Civil, Adelmo Alves, disse que vai apelar à Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) para obter mais reforços. “Precisamos de mais policiais tanto para investigação quanto para as rondas”, revelou.
O secretário municipal também deu a ideia de que, se possível, deveria ocorrer uma ocupação policial nas comunidades, com postos e patrulhamento diário.
De acordo com o delegado Siqueira, os chefes do tráfico nestas áreas são os indivíduos conhecidos por Instiga e Bambam, dois criminosos com mandados de prisão expedidos.
Ele também afirmou que as drogas são distribuídas pela cidade com o uso de motonetas de 50 cilindradas, as cinquentinhas, que existem em grande quantidade circulando por Ipojuca. “Sem elas, ficaria bem mais difícil o tráfico se locomover, pois as cinquentinhas são ágeis e se adaptam a qualquer rua ou viela.” Os promotores decidiram, então, que a apreensão das cinquentinhas irregulares deve continuar e que elas devem ser armazenadas em local apropriado – as que a polícia apreendeu se encontram no pátio da delegacia, que não comporta todo o volume de veículos.
Os promotores também vão cobrar da Prefeitura que disponibilize um galpão para guardar as motonetas apreendidas.