Por Bruna Serra, do Jornal do Commercio deste domingo (9) Terceiro prefeito mais bem avaliado do Brasil, segundo pesquisa mais recente do Instituto Vox Populi, Márcio Lacerda (PSB), de Belo Horizonte, é tido no seio do partido como uma incógnita.
Está no PSB desde 2002, onde entrou pelas mãos do ex-ministro Ciro Gomes, mas seu flerte com o PSDB já foi alçado à condição de romance. É do PSDB de Minas Gerais que sai o principal concorrente do governador-presidenciável Eduardo Campos - presidente nacional do PSB - na briga para figurar no segundo turno na eleição presidencial de outubro próximo.
Aécio, apesar do pacto de não agressão firmado com Eduardo, não está disposto a ceder um único eleitor de Minas, segundo maior colégio eleitoral do Brasil, ao adversário.
E conta com Lacerda para conquistar este feito.
O PSB de Minas Gerais está vivendo dias difíceis.
Uma divisão interna marca duas posições: parte deseja uma candidatura própria e outra defende a composição com o PSDB, conforme ocorreu em Pernambuco, onde a legenda tucana não terá candidatura própria ao governo.
O entrave é que o nome visto como mais forte para protagonizar o palanque do PSB é o do prefeito da capital.
Márcio Lacerda tem dito a interlocutores que não quer deixar a prefeitura para concorrer ao governo.
O PSDB está no comando de Minas há 12 anos, dois mandatos seguidos de Aécio Neves e o mandato do atual governador, Antônio Anastasia.
Ou seja, o socialista iria para uma eleição difícil se tivesse que enfrentar o PSDB, que apoiou suas duas vitórias (2008 e 2012).
A relação entre Lacerda e o PSDB começou - ironicamente - graças a proximidade de Eduardo Campos com Aécio Neves.
Uma composição que colocou PSB e PT em palanques diferentes em Minas desde meados do segundo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Foi Aécio o principal cabo eleitoral de Márcio Lacerda na segunda gestão. “A opinião pública não receberia com naturalidade o prefeito no palanque oposto ao de Aécio aqui. É impensável isso”, afirma Marcus Pestana, deputado federal e presidente do PSDB em Minas.
Oficialmente, Márcio Lacerda tem justificado a interlocutores que está com três obras importantes em andamento e, por isso, não ficaria bem deixar a prefeitura sem entregá-las.
Todas as obras são em parceria com o governo federal.
O prefeito de Belo Horizonte também tem ótima relação com a presidente Dilma Rousseff e estar no palanque ao lado de Eduardo Campos poderia comprometer a transferência de verbas federais para a entrega do Bus Rapid Transit (BRT), do metrô e do Hospital do Barreiro.
No final do ano passado, a também mineira Dilma Rousseff não economizou em elogios ao prefeito quando cumpria agenda administrativa no Estado.
Ela disse ter ficado “bastante impressionada” com a Parceria Público Privada (PPP) que viabilizou a construção de creches na capital mineira.
Mesmo que seja dado como fato o apoio de Lacerda ao presidenciável Aécio Neves, o presidente do PSB em Minas Gerais, deputado federal Júlio Delgado, ainda acalenta uma mínima esperança de ver Lacerda ao lado de Eduardo Campos em suas visitas ao segundo maior colégio eleitoral do Brasil. “Fiquei muito aliviado e esperançosos em ver o Márcio na última terça-feira (4), no lançamento das diretrizes do nosso programa em Brasília.
Nós sabemos da relação muito próxima dele com Aécio e com a presidente Dilma”, disparou o dirigente.
O parlamentar planeja 14 polos descentralizados para tratar a candidatura de Eduardo em Minas Gerais.
O objetivo é que, mesmo sem palanque, o PSB esteja preparado para sustentar os atos de campanha do governador-presidenciável no Estado.
Desde dezembro o Jornal do Commercio solicita entrevista com o prefeito Márcio Lacerda.
Foram quatro solicitações formais.
A Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Belo Horizonte informou que ele não atenderia a reportagem. “Não é o momento”, destacou o assessor-chefe adjunto, Carlos Alberto Santos.