Por Adriana Prates, especial para o Blog de Jamildo É queixa corrente dos profissionais de Recursos Humanos que os novos talentos que chegam às empresas, estão primeiramente preocupados em saber logo quem serão os seus comandados.

No primeiro mês já perguntam sobre quando serão promovidos ou quais serão os grandes desafios internacionais.

Se de um lado os profissionais estão cada vez mais buscando status, cargo e ostentação, por um outro lado a empresa quando parte para captar talentos muitas vezes faz exigências de perfil técnico, comportamental e pessoal que dá até para entender quais são algumas das razões que tem provocado tantas expectativas frustradas entre as partes.

Super dimensionar um perfil é uma forma fácil de atrair os famosos “PPVsprofissionais programados para vencer”, mas, é tanta voracidade, tantas etapas negadas, que o estrago continua crescendo e o pior essa descoberta somente é feita muito tarde; pois lá na frente esse talento se considera formado, formatado, e amedrontado, pois para esconder a própria inconsistência, precisa fingir que é forte, poderoso, arrogante, e na hora de pedir socorro, quem disse que existe coragem?

O talento tão desejado, tão idealizado, está ali refém de si mesmo, nega a verdade, ainda que todos tenham acesso a ela.

E agora?

Como acessar novamente essa pessoa, que sente, sofre, precisa de ajuda e quem sabe, pode até ser recuperada, desenvolvida ou mesmo reintegrada? Às vezes é necessário voltar no tempo, compreender as etapas necessárias ao crescimento, o processo de aprendizagem e de adaptação cultural; aquele “parafuso” que deixou de ser “apertado” pode cobrar um preço muito alto lá na frente.

São essas atividades rotineiras, básicas e cumulativas que fazem amadurecer, dão base para um alicerce mais encorpado, uma estima positiva e uma presença enriquecida.

Há uma mudança de perspectiva, pois, mais que mandar em alguém, é preciso ter alguém em quem confiar, ter alguém em quem se referenciar.Pedir ajuda, dizer não sei, são atitudes poderosas, que criam abertura, diálogo, consideração.

Instala-se a dimensão da coletividade, do entendimento de si na própria vida, da inclusão do outro na construção da identidade corporativa.

Quem sabe em vez de “PPvs” esses talentos poderiam ser “PPAs”?

Profissionais prontos para aprender; aí o ciclo começa da forma certa, a vivência somada a experiência acumulada lança luz sobre as decisões que ocorrerão no futuro, sobre as possibilidades e tantos caminhos que podem ser trilhados e conquistados.

Sabe o ganho maior?

Esse profissional poderá agora, como num lance de vitória, compreender as regras básicas para se captar e treinar os novos e próximos talentos, tendo em vista os valores que servirão de guia, para se discernir o certo do errado, para ensinar como saber ganhar e também como saber perder.

Surge nessa fase um momento único quase mágico no qual esse profissional aprende que é possível existir, construir e evoluir ao mesmo tempo, que, aprende a permitir e estimular que outros ao seu redor possam também ser edificados, valorizados e reconhecidos, afinal porque competir por competir?

Adriana Prates é presidente da Dasein Executive Search e Master Coach atua apoiando líderes a serem agentes transformadores da própria história.