Foto: Valter Campanato/ABr Do Jornal do Commercio desta quarta-feira (5) O deputado João Paulo Cunha (PT-SP) se entregou à Justiça e desde ontem está no Complexo da Papuda, em Brasília, onde cumprirá em regime semiaberto a pena de seis anos e quatro meses a que foi condenado pelos crimes de peculato (desvio de dinheiro público) e corrupção.

Cunha, que presidiu a Câmara de 2003 a 2005, é o quarto deputado a ser preso no processo do mensalão, que, ao todo, já levou 18 condenados à cadeia.

Com a prisão de Cunha, a Câmara terá que definir seu futuro político.

A Mesa Diretora da Casa irá se reunir na próxima quarta-feira (12) para avaliar a abertura de processo de cassação.

A expectativa é de que o processo seja aberto, mas deve levar pelos menos três meses para ser concluído.

O PT já avisou que não vai impedir o início do procedimento.

Antes de se entregar, João Paulo escreveu uma carta entregue aos deputados em que ataca o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Joaquim Barbosa, a imprensa e afirma que a democracia foi “vilipendiada”.

O petista diz que vai recorrer a organismos internacionais para revisar seu julgamento, garante que tem as mãos limpas e assegura que está disposto a lutar por seu mandato, enfrentando o processo de cassação.

Apesar da declaração, a possibilidade de ele renunciar ao mandato não está descartada, segundo colegas.

A situação de João Paulo estava indefinida desde o dia 7 de janeiro, quando o ministro Joaquim Barbosa rejeitou 2 recursos do deputado e determinou sua detenção.

Mas Barbosa saiu de férias sem assinar o mandado de prisão.

Durante o recesso do Judiciário, os ministros Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia passaram pela presidência interina da Corte, mas também não assinaram o mandado.

A situação de indefinição foi criticada por vários petistas e pelo próprio João Paulo.

Ele disse que Barbosa, ao determinar sua prisão sem assinar o mandado, estaria sendo cruel e que faltava ao ministro “civilidade, humanidade e cortesia”.

João Paulo foi considerado culpado pelo STF sob a acusação de ter recebido propina para beneficiar empresas do operador do esquema, Marcos Valério.

Além do início do cumprimento de pena, João Paulo ainda aguarda o julgamento de um recurso contra outra condenação que lhe foi imposta no julgamento do mensalão pelo crime de lavagem de dinheiro.

Se a condenação for mantida, será acrescida à sua pena outros 3 anos de prisão.

Neste caso, a pena total ultrapassaria os oito anos e o deputado deixaria o regime semiaberto, quando é possível trabalhar fora do presídio durante o dia - desde que autorizado pela Justiça - e passaria para o regime fechado.