Por Aldo Amaral, presidente da Força Sindical em Pernambuco O emprego é o sonho de cada brasileiro.
No estágio de pleno emprego o mercado de trabalho é tão dinâmico que não faltam vagas para as pessoas.
A mobilidade de um emprego para outro ou a permanência no emprego são características do pleno emprego.
Nos últimos oito anos, a situação de pleno emprego estava presente em várias regiões do Brasil, já que as taxas de desemprego por região eram pequenas.
Por exemplo: no segundo trimestre de 2013, pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em seis regiões metropolitanas, revelou taxa de desemprego de 5,9%.
Entretanto, a partir deste ano, a metodologia para encontrar a taxa de desemprego mudou.
De acordo com a nova metodologia, a taxa de desemprego envolverá 3.500 municípios.
Em razão de tal mudança, espera-se que o indicador da taxa de desemprego esteja mais próximo da realidade.
Pela jovem metodologia, o índice de desemprego no segundo semestre de 2013 foi de 7,4%.
No Nordeste e no Norte, os índices foram de 10% e 8,3%, respectivamente.
Na região Sul, o índice foi de 4,3%.
Opto por não discutir a nova metodologia para medir o nível de desemprego no Brasil.
Tenho certeza de que os especialistas que a criaram sabem que o novo instrumento é o mais adequado.
Porém, pretendo refletir quanto ao índice de desemprego no Brasil, em especial no Nordeste.
Observo que a taxa de desemprego de 10% no Nordeste não sugere pleno emprego.
Reconheço as dificuldades históricas presentes no Nordeste que impossibilitam a criação de mais oferta de empregos.
As dificuldades estão em dois âmbitos fundamentais: educacional e institucional.
Ambos os âmbitos interagem e são, na verdade, um único problema.
Instituições frágeis não ofertam serviços públicos de qualidade, como, por exemplo, educação e saúde.
Instituições frágeis também não criam condições fiscais e estruturais para o desenvolvimento econômico.
Como é possível criar ambientes com pleno emprego sem ofertar educação de qualidade?
Contextos de pleno emprego podem surgir em regiões sem infraestrutura adequada ou com exacerbada guerra fiscal entre elas?
A resposta para as duas perguntas é não.
Isto significa, portanto, que para a taxa de desemprego diminuir no Nordeste, instituições precisam ofertar educação de qualidade, dotar a região de infraestrutura e rever a guerra fiscal, a qual, lentamente, destrói os estados.
O Brasil avançou nos últimos anos.
Podemos encontrar em várias cidades e estados do Nordeste práticas de bom governo, dentre as quais, o investimento maciço em infraestrutura e a construção de escolas técnicas. É visível também a rede de proteção social criado pelo Governo Federal.
Economias de vários municípios são dinâmicas em razão do Bolsa Família, por exemplo.
Porém, as práticas de bom governo apenas representam o inicio da transformação.
Elas precisam ser continuas e abrangentes, ou seja, precisam estar em todos os municípios da região.
A rede de proteção social será sempre necessária, entretanto, é adequado que um menor número de pessoas precisem dela.
Portanto, governos precisam agir em busca de um Nordeste com pleno emprego.