Prisões brasileiras são um ‘horror’, mas cuidar delas ’não dá votos’, diz Barbosa Em palestra, ministro volta a repetir que não pretende ser candidato e nunca quis se filiar a partidos políticos Na Folha de São Paulo O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, criticou ontem a classe política em palestra no King’s College, da Universidade de Londres.

Segundo o ministro, os políticos brasileiros não se preocupam com a situação das prisões pois isso “não dá votos”. “No ano passado eu visitei prisões no Brasil, e horror é a melhor palavra para definir os nossos presídios”, declarou, ao responder pergunta sobre o presídio de Pedrinhas, no Maranhão, onde 63 presos foram mortos desde 2013, muitos deles decapitados. “Mas os políticos não se importam com isso, não dá retorno político, não dá votos.

O Brasil tem uma cultura de violência, e as vítimas mais frequentes são os negros”, afirmou Barbosa.

No evento, o ministro voltou a negar qualquer pretensão de ser candidato à presidência da República. “Muita gente vem e diz: você deveria ser nosso candidato, mas eu nunca quis me afiliar a partidos políticos.

Até na faculdade eu nunca tive militância política.

Então, não”, disse.

Barbosa afirmou ainda não se importar se as pessoas que o apoiam são “conservadoras ou liberais”. “Se os liberais gostam do que eu faço, OK, se não gostam, eu não me importo”, declarou.

DISCRIMINAÇÃO Questionado pela plateia, o presidente do STF disse que “a discriminação é o mais sério tópico no Brasil”. “Entre negros e mulatos, são a maioria dos brasileiros, mais de 50%, muito mais que as cotas.

Os brasileiros não gostam de discutir esse assunto.

A TV brasileira parece a TV da Dinamarca”, afirmou.

Barbosa disse ainda que a Lei da Ficha Limpa, aprovada pelo STF em 2010, passará por um teste nacional, pela primeira vez, em 2014. “Neste ano vamos ver o impacto desta lei.

Será a primeira vez que veremos o resultado em eleições nacionais.” Durante a palestra, o ministro discorreu ainda sobre o funcionamento do STF e a respeito da Constituição brasileira.

Cerca de 300 pessoas lotaram o auditório –cercado pela plateia, Barbosa tirou fotos e distribuiu autógrafos.

Ele desembarcou em Londres na segunda-feira, após cinco dias em Paris para palestras e encontros oficiais.

Ele fica na cidade até hoje.