Adriano Oliveira O ato de prever deve ser a tarefa de qualquer ator político ou estrategista.

Previsões não representam vereditos, no caso profecias, mas possibilidades.

Ou seja: diante de dados indicadores, o que poderá ocorrer?

Diante desta indagação, cenários surgem.

E são estes que devem guiar a formulação de estratégias.

Não é possível construir estratégias eficientes desconsiderando as conjunturas.

Atores políticos costumam ter receio do futuro.

Eles gostam do presente.

Deste modo, as análises políticas avaliam apenas as condições presentes e dai constroem estratégias.

Só que as estratégias criadas precisam considerar as condições presentes e futuras.

Se apenas o presente é considerado na criação das estratégias, elas poderão vir a ser avaliadas como equivocadas no futuro.

Em 2011, afirmei que a expectativa de poder do PSB no estado de Pernambuco durará até 2022.

Frisei também, em 2012, que após a eleição municipal do Recife, um novo pólo de poder surgiria em Pernambuco liderado pelo PTB e PT.

A primeira previsão continua válida e condicionou a origem da segunda.

Entretanto, diante de tantas especulações que tentam elucidar os desejos dos pernambucanos e guiar as estratégias dos competidores, algumas indagações são necessárias com o objetivo de prever o futuro.

Neste instante, não existem indícios de que Eduardo Campos não será candidato à presidência da República.

Diante desta conjuntura, indago: 1) Qual será o desempenho do candidato do PSB ao governo de Pernambuco? 2) Tal desempenho depende, necessariamente, do desempenho de Eduardo Campos na disputa presidencial?

Tais indagações partem de duas hipóteses: 1) Se Eduardo crescer eleitoralmente na corrida presidencial, o seu candidato ao governo de Pernambuco tende a vencer a disputa; 2) Se Eduardo não crescer eleitoralmente, ou seja, continuar na terceira posição, o seu candidato ao governo de Pernambuco tende a perder a eleição.

Ao considerar as duas hipóteses apresentadas, podemos construir dois cenários para o desempenho do senador Armando Monteiro (PTB) na disputa para o governo do Estado.

Neste caso, se a primeira hipótese vier a ser verdadeira, Armando perderá a eleição.

Então, a segunda hipótese representa o contexto mais adequado para o candidato do PTB vencer a eleição em Pernambuco.

Observem que os cenários propostos consideram a seguinte premissa: a disputa presidencial de 2014 terá influência no desempenho dos candidatos ao governo de Pernambuco.

Neste sentido, observamos que Eduardo, Dilma e Lula são os protagonistas em Pernambuco.

Então, se Eduardo, Lula e Dilma são os atores estratégicos, volta à tona minha conclusão que publicizei em 2013: a disputa em Pernambuco será entre Lula/Dilma versus o governador Eduardo Campos.

Mas não descarto outras possibilidades. É possível o candidato do PSB vencer o senador Armando Monteiro na disputa para o governo, independente do desempenho de Eduardo na disputa presidencial? É possível Armando Monteiro ser eleitor governador diante de um desempenho frágil de Dilma Rousseff no Brasil e em Pernambuco?

A melhor estratégia para a oposição derrotar o PSB em Pernambuco é ofertar duas ou uma única candidatura?

As indagações apresentadas requerem respostas adequadas, as quais virão de pesquisas e interpretações sábias.

Adriano Oliveira é Doutor em Ciência Política. 39 anos.

Professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Sócio da Contexto Estratégia.

Autor de vários artigos e livros sobre o comportamento do eleitor brasileiro.

Dentre os quais: Eleições e pesquisas eleitorais - Desvendando a Caixa-Preta, Editora Juruá, 2012.