Editorial da Folha de São Paulo São desoladores os resultados do exame de proficiência aplicado aos estudantes que se formaram em 2013 nas faculdades de medicina do Estado de São Paulo.

Quase 60% dos 2.843 futuros profissionais submetidos ao teste revelaram-se incapazes de acertar pelo menos 3 a cada 5 questões de múltipla escolha propostas pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) e foram, por isso, reprovados.

A situação das instituições privadas é especialmente preocupante.

Enquanto o índice de reprovação nas faculdades públicas foi de 34%, nas particulares –onde está a maioria dos alunos– nada menos que 71% não conseguiram ter desempenho satisfatório.

Infelizmente, não há nenhuma novidade nesses números.

Desde 2005, quando o conselho profissional paulista começou a aplicar o exame, repete-se o padrão pífio, sem sinais de evolução.

Resta evidente, e de forma categórica, a precariedade dos cursos de medicina, mas este nem é o pior aspecto desse quadro.

Mais grave é o fato de que os recém-formados, mesmo reprovados, não são impedidos de exercer a medicina.

Embora a prova do Cremesp seja obrigatória desde 2012, o candidato não precisa ser aprovado.

Basta comprovar sua participação no teste para obter o registro profissional, sendo considerado, no mais das vezes de um ponto de vista puramente burocrático, apto a prestar atendimento à população.

O próprio Cremesp reconhece o absurdo desse modelo em que médicos com comprovadas deficiências na formação são autorizados a atuar na área da saúde.

Desnecessário lembrar que os prejuízos causados por equívocos nesse campo podem ser irreparáveis.

A questão, todavia, só pode ser resolvida por meio de legislação federal.

Está além, portanto, da competência do conselho estadual paulista –que, além de ser favorável à obrigatoriedade de aprovação no teste como precondição para o ingresso na carreira médica, é o único que avalia os formandos.

Eis por que esta Folha defende a aprovação, pelo Congresso, de verdadeiro exame nacional de habilitação para a medicina.

Por razões óbvias, os reprovados não deveriam ser admitidos na profissão.

A segurança e a saúde da população, é isso o que está em jogo.