Por Eliane Cantanhêde Do Brasil para a Suíça, da Suíça para Cuba e de Cuba de volta para casa, a presidente Dilma Rousseff tem um bom tempo de voo para discutir com o chanceler Luiz Figueiredo um assunto pouco diplomático e muito prático: os altíssimos custos de diplomatas e funcionários do Itamaraty no exterior.

Com as mortes e decapitações de presos no Maranhão, os escândalos políticos que se amontoam e a reforma ministerial, passou quase despercebida a informação da Folha de que o embaixador Guilherme Patriota aluga um apartamento em Nova York pelo correspondente a R$ 54 mil por mês.

Ele é irmão e segundo do embaixador na ONU, o ex-chanceler Antonio Patriota.

E ambos moram na área mais nobre de Manhattan, um dos lugares mais luxuosos do mundo, ao lado de celebridades como Madonna, Al Pacino e Woody Allen.

Ok.

Diplomatas têm de se apresentar bem e Nova York é cara.

Mas embaixador brasileiro e até jovens secretários (deu no “NYT”!) precisam mesmo morar nos endereços mais exorbitantes?

E é diferente na Europa?

Na Ásia?

E em pequenas embaixadas que não servem para nada?

A imprensa reclama de falta de transparência sobre custos –e luxos– do Itamaraty.

Mas a dificuldade não é só de jornalistas, é da Esplanada dos Ministérios também.

Se passou quase despercebida do grande público, a informação não passou tanto assim dentro do próprio governo.

Até porque os exageros do Itamaraty e as perguntas acima estão no caderninho da equipe econômica desde o governo Lula.

Na época, o Planejamento fez um grande levantamento de salários e vantagens de funcionários das diferentes pastas, para efeitos de planos de carreira.

Adivinha de onde veio a maior resistência?

Do Itamaraty.

O pretexto foi que os valores variam muito de um lugar para outro…

Explica, mas não justifica, pois os valores, somados, caem numa mesma conta: a minha, a sua, a nossa.