Por Luciano Siqueira, especial para o Blog de Jamildo Há quem diga que o desempenho da economia é visto pelo olhar de técnicos, empresas, governantes, etc; e pelo olhar dos assalariados e do povo pobre.

Os primeiros debatem à exaustão o crescimento do PIB e outros indicadores macroeconômicos, nem sempre com rigor e objetividade, predominantemente de modo politicamente distorcido.

Já a população em geral enxerga basicamente o emprego, a renda e o consumo.

A distinção parece adequada.

Diariamente, os grandes jornais e as redes de TV e rádio difundem previsões catastróficas, visivelmente vinculadas aos interesses em jogo nas eleições de outubro.

Assim agindo, nossa grande mídia apenas confirma seu caráter explicitamente partidário e seu descomprimisso com a objetividade da informação.

Implica enorme esforço distinguir o joio e o trigo e identificar, no mar de dados manipulados, a realidade concreta.

Mais: pouca atenção se dá a indicadores que dizem respeito à base da sociedade, tais como taxa de desemprego anual, inadimplência, tomada de crédito, compras no varejo, etc.

Claro que ninguém pode considerar satisfatório o PIB oscilante entre 2 e 2.5% - ainda que se deva relativizar esse desempenho em vista da crise global, que interfere sobre a economia brasileira.

Mas soa ridícula a assertiva de que a responsabilidade é do governo e nada mais do que isso.

Pior ainda, ao se fazer a apologia do chamado tripé macroeconômico, justamente o esquema que contém fatores de travamento das atividades produtivas - metas inflacionárias ultra-rígidas, juros elevados, rigor fiscal (voltado sobretudo para o corte de gastos com programas de redistribuição de renda).

Ou seja, o apego ao figurino neoliberal, que impõe a inibição do crescimento e a exclusão social.

De outra parte, incomoda muito aos que desejam criar um clima social adverso ao at ual governo por ocasião das eleições, a conclusão de que emprego, renda e nível do consumo são fatores determinantes na sustentação do dinamismo na base da economia.

Pois esses elementos envolvem a vida da maioria, sobretudo os quarenta milhões inseridos no sistema produtivo na última década.

E ninguém desconhece o peso eleitoral desse segmento da população.