Por Michel Zaidan Filho Desde a obra do florentino Nicolau Maquiavel, a Ciência Política se debate entre “o como” e “o que deve ser” a Política.
A antiguidade clássica (leia-se Aristóteles) definiu essa atividade humana como o lugar, por excelencia, da palavra e da ação, entre cidadãos livres e iguais, tendo em vista o bem comum (ou a Polis) - o justo governo da cidade.
Os tempos modernos é que separaram de maneira radical “o como” do “deve-ser”.
Lembro o livro de um publicitário pernambucano que tratava Maquiavel como o pai do marketing político.
A transformação da Política em mero marketing político ( o como) é consentânea da mudança dos parlamentos modernos em meros balcões de negócio, onde impera soberano o interesse.
Essa mudança trouxe um abastardamento ou envilecimento da Política, entendida esta como reles discurso estratégico destinado a viabilizar imperativos de poder, às custas dos melhores argumentos.
Quando, hoje um candidato se propõe a entrar para a Política, o que menos o preocupa é o chamado interesse público ou republicano.
Predomina no imaginário dos nossos políticos a idéia de que ser político é saber ganhar uma eleição, é vencer, custe o que custar.
E para isto são contratados, a peso de ouro, os marketeiros, os analistas e consultores eleitorais, que vão vender as ilusões, primeiro ao próprio candidatos; e segundo os eleitores e aos financiadores de campanha.
O que menos se discute é a plataforma, a agenda ou o programa do partido ou do político.
Mas é preciso reconhecer que a apresentação do famoso Programa de Governo, pelo candidato, tornou-se uma ficção.
Um álibi forjada para dar credibilidade às campanhas e as pretensões de cada candidato.
Muitas vezes, o eleito toma medidas que jamais teria coragem de anunciar publicamente nas campanhas.
E o que está escrito torna-se rapidamente uma quimera, uma fumaça, que se desfaz rapidamente no ar.
Infelizmente, não é possível levar muito a sério as promessas (por mais sérias e bem intencionadas que elas sejam) eleitorais.
Elas podem ser adquiridas facilmente, na esquina, numa agência de consultoria e marketing.
Essas agências mapeiam o imaginário do eleitor, através de pesquisas qualitativas e de estimulos óticos e nervosos, e subsidiam o discurso eleitoral do candidato, na hora da propaganda eleitoral.
Dizer o que o eleitor quer ouvir; esconder ou omitir o que o contraria, essa é a ciência política da nossa época.
Quando o filósofo alemão Junger Habermas falou em esfera pública democrática, certamente não tnha em mente as arenas perfomáticas e glamorosas da indústria cultural, as praças de alimentação dos Shoppings, os polos gastronomicos e de animação da cidade.
E muito menos, o discurso sofístico da propaganda política.
Por isso, quando voce ouvir um candidato seja lá a que cargo fôr, apresentar pirotecnicamente o seu plano de governo, pergunte por que ele não fêz isso antes, de onde sairá o dinheiro, qual o seu histórico de vida, com quem ele estava antes o com quem ele anda agora.
Os candidatos podem até enganar os eleitores durante um certo tempo, mas não conseguirão enganar todo mundo, o tempo todo.
Como diziam os antigos, a mentira tem perna curta e a verdade demora, porque é coxa, mas sempre chega.
Outra coisa: não “emprenhe” pelos olhos e os ouvidos tudo o que ver e ouvir como se fôsse a verdade verdadeira.
Procure outras fontes de informação sobre o candidato e compare, antes de tomar a sua decisão.