Do Jornal do Commercio deste domingo (19) Por Pedro Romero Há um mês, os moradores de Caruaru, no Agreste pernambucano, acordaram perplexos com a prisão de dez dos seus 23 vereadores.
A Operação Ponto Final, desencadeada na madrugada do dia 18 de dezembro, pela Polícia Civil de Pernambuco, trouxe à tona, de acordo com a investigação, um esquema de cobrança de propina cuja história mais lembra o enredo de um filme policial.
Considerada a mais importante cidade do interior, a Capital do Forró virou destaque negativo no noticiário nacional.
O assunto ainda é debatido nas ruas e nos meios de comunicação e tem sido tema para professores e religiosos.
Professor de História do campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em Caruaru, José Urbano é um dos que têm falado sobre o tema em sala de aula.
Para ele, num primeiro momento as pessoas se sentiram frustradas, mas cientes de que é possível tirar muitas lições do fato. “Uma delas é que há uma mudança positiva, com políticos sendo presos.
Outro vínculo que fazemos em sala de aula é com as manifestações de rua que aconteceram no País no ano passado”, destacou o professor da UFPE.
José Urbano também enfatiza para os alunos o papel da imprensa neste tipo de caso, que ele considera fundamental para a divulgação e elucidação dos crimes.
Já o padre Bianchi Xavier usa os fatos que estão acontecendo com os vereadores de Caruaru para alertar os fieis sobre como as pessoas não devem deixar se levar pela ganância e pelo poder. “Abordei o assunto em um programa de rádio e lamentei.
Infelizmente, o povo se sentiu traído.
Também foi uma surpresa para mim, pois conheço muitos deles”, afirmou o pároco.
Para o vice-prefeito de Caruaru, Jorge Gomes (PSB), o que está acontecendo na Câmara de Vereadores é lamentável. “Caruaru está sendo vista de forma negativa, espero que a justiça seja feita”, resumiu o socialista.
Presidente da Câmara de Vereadores entre 2010 e 2012, o ex-vereador Lícius Cavalvanti (PCdoB) acha que o Executivo municipal também é responsável pelo que está acontecendo no Legislativo do município. “A cidade tem oligarquias, o coronelismo, que não aceitaram o movimento de independência da Câmara.
Quebramos a subordinação e eles lutaram para que eu não fosse reeleito.
Traçaram caminhos errados e deu nisso que está aí”, disse.
Na opinião do presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Caruaru, Milton Manoel, esses fatos vão marcar a história da cidade por vários anos.
Segundo ele, o caso não é simples e deve ser mais bem investigado, pois outros crimes também podem ter acontecido. “Nós, por exemplo, denunciamos a votação do projeto da licitação dos transportes públicos.
Para evitar essas coisas, é preciso que o cidadão comum comece a acompanhar a Câmara mais de perto”, colocou.