Por Adriano Oliveira, especial para o Blog de Jamildo Requer árduo esforço intelectual a escolha de um candidato para disputar a eleição majoritária.

A inteligência do personagem que fará a escolha considera as objeções políticas advindas de outros atores para com um dado ator que é o preferido para ser o escolhido.

Consideram-se também os desejos e o humor dos eleitores.

A escolha de um candidato não é tarefa para principiantes.

Premissas baseadas na intuição ou na interpretação não adequada de pesquisas podem proporcionar escolhas equivocadas.

A intuição e pesquisas de opinião pública têm costumeiramente sugerido que candidatos com perfil técnico e neófito na atividade política são os preferíveis do eleitor.

Tal raciocínio é verdadeiro?

Howard Becker, em sua clássica obra Outsiders, revela que existem indivíduos que fogem do padrão característico de um grupo.

Por exemplo: todos no grupo jogam futebol nos finais de semana.

Com exceção de X, que joga xadrez.

Por assim ser, X é considerado um outsider.

Portanto, o ator neófito na política é aquele que nunca disputou uma eleição, ao contrário dos outros membros do grupo.

Acrescento outra característica ao neófito na política: a jovialidade.

Desde 2008 realizo e interpreto pesquisas eleitorais.

Neste decorrer, constatei, em várias eleições, que competidores outsiders e com perfil técnico são os preferíveis do eleitor.

Porém, as pesquisas também revelam que candidatos experientes e com propostas factíveis têm também a preferência da população.

Além disto, o candidato jovem não é necessariamente visto com bons olhos por parte dos eleitores.

Um competidor pode ser outsider na disputa da eleição, ser experiente no exercício das atividades no âmbito da gestão pública e oferecer boas propostas ao eleitorado.

Outro candidato já disputou várias eleições, tem experiência na gestão pública e não tem jovialidade (maduro).

Ambos os candidatos têm chances eleitorais.

O que condiciona (conduz) os desejos do eleitor é a conjuntura.

Pesquisas quantitativas e qualitativas buscam identificar os desejos do eleitor e as suas visões de mundo que estão no contexto atual.

A interpretação dos dados das pesquisas é ato subsequente.

Neste sentido, o eleitor pode desejar que o candidato a governador seja um outsider, tenha experiência na gestão pública e seja jovem.

Ou o eleitor, diante de dada conjuntura, deseja um candidato com experiência na área pública, maduro e com boas propostas.

Para este eleitor, não importa se ele já disputou ou não as eleições.

Portanto, a compreensão adequada do contexto é que tornará inteligível qual tipo de candidato a maioria do eleitorado deseja.

Existe uma variável de fundamental importância na conjuntura que incentiva as escolhas dos eleitores.

Tal variável é expressa através da seguinte indagação: quem apoia este candidato?

O eleitor não faz, obrigatoriamente, esta pergunta.

No entanto, quando o candidato apresenta ao eleitorado quem o apoia, ele oferta atalhos/referências para que as decisões dos eleitores sejam orientadas.

Se o competidor X é apoiado pelo governador Y, o qual finda o mandato bem avaliado, X tende a conquistar eleitores.

Outra possibilidade: se Z é apoiado pelo presidente da República A e pelo ex-presidente B, ele tende também a conquistar votos.

Portanto, eleitores tomam decisões com base em referências.

Então, a escolha de um candidato outsider não é garantia de sucesso eleitoral.

Apenas, a depender do contexto, a escolha adequada de uma estratégia inicial.

PS do Blog: Doutor em Ciência Política. 38 anos.

Professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Sócio da Contexto Estratégia.

Autor de variados artigos e livros sobre o comportamento do eleitor brasileiro.

Dentre os quais: Eleições e pesquisas eleitorais - Desvendando a Caixa-Preta, Editora Juruá, 2012.