Aluisio Moreira/SEI O tiroteiro do PT Com o título de “A balada de Eduardo Campos”, o Partido dos Trabalhadores (PT) escreveu em seu Facebook oficial uma das mais tristes páginas da história política brasileira.

Porque decidiu exercer um direito assegurado a todos os brasileiros e brasileiras habilitados a votar e ser votados, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, é demonizado, tratado como inimigo, com linguagem e lógica dos mais retrógrados processos eleitorais.

A balada petista chega a ser indecorosa quando diz que o governador foi “beneficiário singular da boa vontade dos governos do PT”.

Nessa frase, agride o sistema federativo, tripudia sobre a real fonte do poder, fundada na vontade do povo que escolhe e no sacrifício do povo que paga todo o gasto da administração pública, assim como a remuneração de toda máquina no poder, à qual não se pode atribuir a competência de “ajudar” os governos estaduais apenas pela boa vontade.

A expressão “estimulado pelos cães de guarda da mídia, decidiu que era hora de se apresentar como candidato” reduz a balada a uma expressão autoritária.

E isso poderia ser visto até mesmo na reação dos leitores cinco horas depois de a balada entrar em rede.

Há, como não poderia deixar de ser, muitas manifestações com o fraseado chulo e frouxo de analfabetos políticos fazendo eco à catalinária petista contra um ex-aliado que ousou ter vida própria, assim como muitas críticas aos governos do PT.

A leitura da balada apócrifa é uma soma melancólica de descrenças.

Ela aprofunda a falência de uma classe política movida pelas circunstâncias e ausência de compromisso com a história.

O contraponto ao tiroteio desfechado contra o governador de Pernambuco seria uma simples pergunta: que diria a balada petista se Eduardo Campos se limitasse ao papel secundário de áulico atrelado à base do governo?

Mais: como pretende o PT ser levado a sério nessa agressão quando coloca como provas da ingratidão a construção da Rodovia Transnordestina e a transposição das águas do São Francisco, como se fossem pagamento à fidelidade do governador?

A balada chega a ser engraçada quando seu autor (?) faz um exercício de prospecção e joga para um futuro incerto a possibilidade que teria Eduardo Campos de vir a ser um sucessor “maduro” – não diz que sucessão – se fosse grato e servil, naturalmente.

Doutro lado, descamba para a maior baixaria ao associar as infelizes declarações do ex-secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, à postura do governador.