Andrea Rego Barros/PCR Por Michel Zaidan Filho No vocabulário político do estado de Pernambuco a palavra “futuro” significa eleição.

Dizer “construir o futuro”, “fazer o futuro” é o mesmo que afirmar: estamos construindo a nossa estratégia política e eleitoral para 2014, ano das eleições proporcionais e majoritárias (para presidencia da República).

Naturalmente, a melhor propaganda de um gestor ou governante para a reeleição ou a eleição para outro mandato eletivo é o nível de satisfação alcançado pela gestão junto à população, que vota e paga os impostos.

Quando maior for o grau de efetividade, eficiência e eficácia das ações governamentais perante os eleitores, mais chance terá o candidato de se eleger ou eleger os seus patrocinados.

Infelizmente, entre nós o referido índice é obtido através do nível (alto) da propaganda e do marketing político contratado pelo governante.

Não se ouve ou se apura o grau de satisfação do cidadão-cliente ou usuário das políticas públicas governamentais e não-governamentais (como as do IMIP).

Se ouve e su divulga aquilo que é previamente solicitado ao instituto de pesquisa para que seja feito ou apurado.

Queremos tanto de aprovação, queremos tanto de satisfação.

E, aí, pago, o cliente tem a imagem pública que desejar diante do espelho de suas conveniências eleitorais e políticas.

Qual o risco dessa operação “refletiva”? - O auto-engano, a auto-ilusão.

Se a estratégia não foi concebida para engabelar a intenção dos votos dos indecisos e convencer aliados recalcitrantes ou possíveis doadores de fundos para a campanha eleitoral, essa estratégia é o caminho mais curto para a perdição ou a derrota.

Mas pode ser que a estratégia corresponda a outro cálculo político: posso não ganhar a eleição; mas posso eleger uma grande bancada, e como presidente do meu partido, me credencio a ser o chefe da oposição nacional.

E aí, me credencio para disputar as eleições seguintes.

No Brasil, se diz que há apenas dois partidos: o da situação e o da oposição.

Os partidos do centro são geralmente agregação de interesses que buscam se maximizar procurando alianças com o possível vencedor.

Para isto, as pesquisas têm alguma serventia.

Como instântaneos eleitorais de cada momento da campanha, elas vão sinalizando para onde tende a manada dos indecisos, dos “maria-vai-com-as-outras” ou dos interesseiros.

Os partidos que vencem as eleições não são necessariamente os melhores.

São os que oferecem ao eleitor a miragem da maior satisfação de seus interesses ou necessidades.

Num mercado de ilusões como esse, a chamada virtude c ívica ou mesmo o conceito aristotelico de política (o bom e justo governo da cidade) passam longe.

Não têm nada a ver.

Não defendo nem louvo esse modelo clientelístico de fazer política (também chamado de “escolha racional”).

Mas sou obrigado a constatar que tanto os eleitores (indecisos) quanto os partidos que disputam o voto desses eleitoreis se comportam como negociantes num mercado político, não num forum.

E esse modelo nada tem de republicano.

Que o diga uma das grandes pensadoras liberais do século passado, Hannah Arendt, que comparando a democracia grega com a democracia moderna, afirmou que os nossos parlamentos não passam de casas de negócios.