Por Ruy Castro, na Folha de São Paulo Pesquisa científica divulgada há dias revela que foram os chineses, há 5.500 anos, que domesticaram os gatos –1.500 anos antes dos egípcios, a quem se creditava essa maravilha.

Quando um país está com a bola branca, como a China, não apenas seu presente chama a atenção –até seu passado fica iluminado.

E, se alguns ainda se espantam com o ímpeto com que ela ocupa hoje todo tipo de espaço, só me intriga que não tenha acontecido antes.

A história nos ensina que, com sua criatividade, os chineses já mudaram o mundo pelo menos duas vezes.

Uma foi quando inventaram a pólvora –de que resultaram o canhão, o mosquete, o arcabuz e muita gente morta.

A outra foi quando criaram o papel e, daí a séculos, os tipos móveis, de argila –do que, 400 anos antes de Gutenberg, nasceu a imprensa.

Essas foram as suas grandes contribuições no atacado.

No varejo, é aos chineses que devemos o macarrão e, deste, o talharim, o espaguete e a língua de pato.

Eles nos deram também a seda, a porcelana, a bússola, o sismógrafo, o moinho hidráulico e até a pipa –esta, para pescar sem barco.

Sem falar no palito de fósforo, nos fogos de artifício e na tinta –não por acaso, nanquim.

Mas isso foi lá atrás.

A China moderna são os bilhões de cacarecos e cafonices que assolam o mercado mundial, empesteiam o planeta e levarão séculos para ser digeridos pelo ambiente.

E ela vem agora com uma novidade ainda mais revolucionária: a desinvenção da imprensa.

Seus jornalistas, se quiserem manter a licença de trabalho, terão de devorar um manual de 700 páginas para fazer uma prova sobre os princípios do marxismo e se submeter a 18 horas de treinamento para se condicionar a não contrariar o Partido.

No Brasil, havia gente no governo que queria nos impor essa medida.

Mas isso foi antes da Papuda.