Da Agência Estado A ameaça constante de votação de temas com alto impacto orçamentário, a chamada “pauta bomba”, levou a presidente Dilma Rousseff a investir neste ano na estratégia de trancar a agenda de votações da Câmara para evitar o enfrentamento de temas incômodos.
Projetos com urgência constitucional passaram a ser uma constante e o próprio governo contribuiu para impedir o avanço do que tem interesse, como o Marco Civil da Internet.
Com isso, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), concluiu 2013 com a marca de pior primeiro ano de mandato da era PT em número de votações em plenário.
A Câmara votou 134 proposições em 2013.
O resultado é o pior para anos de estreia desde 2001, quando foi apreciado um projeto a menos sob a presidência de Aécio Neves (PSDB).
Desde que o PT chegou ao poder, em 2003, os números sempre foram superiores.
Mesmo em 2005 com a crise do mensalão e a renúncia de Severino Cavalcanti (PP-PE) foram aprovados mais propostas: 176.
Aldo Rebelo (PC do B-SP) foi quem terminou 2005 à frente da Casa.
Até 2013 o pior resultado era de Marco Maia (PT-RS), em 2011, com 139 votações em plenário.
O primeiro ano de mandato é o mais importante no Legislativo porque não há eleições e o novo presidente tem condições de impor um ritmo de acordo com compromissos assumidos na campanha.
No caso de Alves, nem sua principal bandeira teve a tramitação concluída.
A proposta de Emenda à Constituição (PEC) que torna obrigatório o pagamento de emendas parlamentares, o chamado Orçamento impositivo, só terá a tramitação concluída no próximo ano.
O trancamento na pauta é a principal reclamação do presidente. “Temos grande pauta remanescente de projetos vindos do Senado e de iniciativa da Câmara barrados pelas urgências constitucionais”, diz.
Ele lembra que em agosto e setembro a pauta ficou trancada devido ao marco regulatório da mineração.
Dilma aceitou um pedido seu e retirou a urgência em outubro.
Depois de uma semana de janela, porém, novo projeto passou a trancar as votações em plenário: o Marco Civil da Internet, que fecha o ano obstruindo a pauta.
Alves destaca que apesar das dificuldades foram votadas matérias importantes como a MP dos Portos e a destinação de royalties do petróleo para educação e saúde.