A economia brasileira crescerá 2,1% no próximo ano, menos do que os 2,4% estimados para 2013.

A indústria deverá ter uma expansão de 2,0% em 2014, superior ao 1,4% previstos para 2013.

As estimativas estão na edição especial do Informe Conjuntural, que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nesta quinta-feira, 19 de dezembro.

No entanto, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, afirmou que o país tem condições de crescer mais. “Há muitos obstáculos, mas há muitas oportunidades”, disse Andrade.

Segundo ele, a indústria brasileira é diversificada, vem fazendo investimentos em tecnologia e inovação e pode crescer de 4% a 5% ao ano.

Mas, lembrou Andrade, as empresas, principalmente as exportadoras, enfrentam problemas com a concorrência externa. “O Brasil não tem competitividade”, acrescentou.

Para ele, o país precisa resolver com urgência a questão da burocracia e da legislação trabalhista. “A burocracia dificulta qualquer empreendimento e desestimula os investimentos.

Até na vida pessoal, a burocracia nos penaliza”, afirmou.

Legislação trabalhista Além disso, Andrade destacou que as questões trabalhistas estão cada vez mais complexas.

Isso é resultado da falta de clareza da legislação e das interpretações da Justiça do Trabalho que, muitas vezes, não reconhece os acordos negociados livremente entre empregados e trabalhadores, o que gera insegurança para as empresas.

O presidente da CNI disse ainda que o país precisa investir na infraestrutura e no desenvolvimento de um sistema de logística eficiente.

Reconheceu as dificuldades do governo para reduzir a carga tributária, mas defendeu a desoneração dos investimentos e o aperfeiçoamento da gestão do Estado e das empresas. “Devemos trabalhar para desonerar os investimentos.

O Brasil é o único país que tributa os investimentos.” Ele lembrou que a CNI, com a contribuição de mais de 500 líderes empresariais, identificou no Mapa Estratégico da Indústria 2013-2022 os dez fatores-chave da competitividade brasileira, que são: educação, ambiente macroeconômico, eficiência do Estado, segurança jurídica e burocracia, desenvolvimento de mercados, relações do trabalho, financiamento, infraestrutura, tributação e inovação e produtividade.

Andrade informou que a CNI está preparando propostas para o país ganhar competitividade. “Vamos apresentar as propostas aos candidatos à Presidência da República e trabalhar para que as medidas sejam implementadas”, destacou.

Investimento e consumo O estudo da CNI avalia que a queda no ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) será resultado da desaceleração dos investimentos, que devem ter expansão de apenas 5% no próximo ano, frente aos 7,1% previstos para 2013.

A desaceleração dos investimentos, de um lado, será resultado do aumento da taxa de juros e do baixo patamar de confiança dos empresários. “De outro lado, em 2014 não teremos a contribuição excepcional do investimento em equipamentos de transporte que marcou 2013”, diz a CNI.

O aumento dos juros também afetará o consumo das famílias, que deverá crescer 1,7% no próximo ano, menos que os 2,1% estimados para este ano.

A diminuição do ritmo do consumo, que foi o motor da economia nos últimos anos, também será motivada pelo menor reajuste do salário mínimo e pelas dificuldades de acesso ao crédito.

Inflação e câmbio A CNI estima ainda que a inflação alcançará 6% em 2014, acima da meta de 4,5% fixada para o ano e maior que os 5,7% previstos para 2013. “Alguns fatores justificam essa situação: o fim do efeito da desoneração da energia elétrica elevará o acumulado em 12 meses dos preços administrados e o câmbio mais desvalorizado deverá ter efeito mais perceptível no ano que vem”, avalia o estudo. “O desafio para 2014 é aproximar a inflação em relação à meta, mas sem ter distorções nos preços administrados”, disse o diretor de Políticas e Estratégia da CNI, José Augusto Fernandes.

Com a previsão de inflação acima do centro da meta, a CNI estima uma nova alta nos juros básicos da economia no início de 2014.

Assim, a taxa Selic alcançará 10,50% e se manterá nesse patamar até o fim de 2014. “Em função da inflação ainda elevada e das taxas de juros internacionais em alta, a taxa brasileira também deve permanecer nesse patamar.

Os juros altos desaceleram o consumo e desestimulam os investimentos.

Todo o custo financeiro das empresas é impactado”, afirmou o gerente-executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.

De acordo com as previsões da CNI, o dólar continuará se valorizando e valerá em média R$ 2,35 em 2014, acima dos R$ 2,15 deste ano.

O superávit comercial brasileiro, na avaliação da CNI, será de US$ 740 milhões, o menor desde 2000.

As exportações fecharão o ano em US$ 239,4 bilhões, valor 1,3% inferior ao registrado em 2012.

As importações somarão US$ 238,7 bilhões.