Deu na Folha de São Paulo.

Juízes substitutos da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, responsáveis pela prisão de condenados no processo do mensalão, fizeram pedidos à cúpula do Tribunal de Justiça do Distrito Federal para serem removidos da Vara e alertaram para uma iminente rebelião e fuga nas vésperas do dia de Natal.

A informação foi divulgada ontem pelo jornal “O Globo”.

Os pedidos de remoção foram analisados pelo primeiro-vice-presidente do TJ-DF, desembargador Sérgio Bittencourt, que negou a transferência, mas encaminhou os documentos à Corregedoria do tribunal para que tome providências.

Segundo o relato de um dos juízes substitutos da Vara, o fato de os presos do processo do mensalão terem recebido visitas em dias e horários em que os demais presos não podiam e a exposição do Complexo Penitenciário da Papuda na mídia teriam criado uma situação de grande tensão no sistema prisional. “O ambiente no sistema prisional encontra-se extremamente tenso (…) este magistrado tomou conhecimento, por três fontes autônomas, de uma iminente rebelião e fuga às vésperas do dia de Natal”, diz o documento.

O magistrado também afirma que está “em andamento um concreto movimento de sabotagem por parte de agentes do sistema prisional, tudo com o objetivo de desestabilizar a VEP (Vara de Execuções Penais)”.

Outro relato à vice-presidência menciona a “desgastada relação” dos juízes substitutos com o titular da Vara, Ademar Vasconcelos.

No último dia 24, Vasconcelos, cuja condução das prisões no mensalão estava desagradando o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, foi trocado por juízes substitutos no comando do processo.

Na ocasião, o juiz Bruno Ribeiro passou a conduzir o processo com o auxílio de dois substitutos, Ângelo Pinheiro e Mário José de Assis Pegado.

A atuação de Vasconcelos também foi questionada pelo Ministério Público do Distrito Federal, que pediu à corregedoria do TJ-DF que o investigue devido ao tratamento diferenciado que os presos do mensalão receberam.

Entre os argumentos usados para manter na Vara os juízes, o vice-presidente do TJ-DF, Sérgio Bittencourt, disse que a “situação de instabilidade do sistema prisional” impõe a manutenção dos magistrados na Vara para evitar uma “instabilidade maior”.