Deu na Folha de São Paulo.
Apesar de 20 dos 25 condenados no julgamento do mensalão já estarem presos ou cumprindo penas alternativas, a Justiça ainda nem começou a cobrar os mais de R$ 21,8 milhões –a serem corrigidos– em multas impostas pelo Supremo Tribunal Federal como parte da punição.
A corte informou o valor das multas à Vara de Execuções Penais do Distrito Federal no mesmo momento em que encaminhou os documentos relativos à execução da pena de cada condenado.
Até agora, porém, a vara não iniciou os procedimentos para cobrar o dinheiro ou calcular a correção dos valores.
Oficialmente, diz que ainda irá analisar os casos.
A Procuradoria-Geral da República tem posição parecida e informa apenas que está estudando o assunto.
A maior multa, de R$ 3,06 milhões, foi imposta ao operador do esquema, o publicitário Marcos Valério de Souza.
O ex-ministro José Dirceu, por sua vez, terá de pagar R$ 676 mil, e o ex-presidente do PT José Genoino, outros R$ 468 mil.
Todos os valores ainda serão corrigidos.
A soma das multas ainda pode ultrapassar os R$ 22 milhões caso as condenações por lavagem de dinheiro do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), do ex-assessor do PP João Cláudio Genu e do ex-sócio da corretora Bônus Banval Breno Fischberg sejam confirmadas no julgamento de recursos em 2014.
Além desses três réus, apenas o delator do esquema, Roberto Jefferson (PTB), ainda não teve a execução da pena determinada pelo STF.
Os advogados dos condenados ouvidos pela Folha dizem que estão aguardando intimações da Justiça para discutir como o pagamento das multas será feito e, futuramente, negociar eventuais parcelamentos.
Recursos Desviados Em outra frente, a recuperação dos valores desviados pelo mensalão também anda a passos lentos.
De acordo com o Ministério Público, o esquema mobilizou R$ 141 milhões em dois anos, somados diferentes empréstimos bancários e os recursos que teriam sido desviados de contratos de publicidade com o setor público.
O Banco do Brasil, que segundo o processo repassou R$ 73,8 milhões do Fundo Visanet a uma agência de Marcos Valério, pegou cópias do processo e estuda uma ação civil pública para tentar recuperar o dinheiro.
O esquema do mensalão também usou, segundo o entendimento do Supremo, R$ 1 milhão em recursos da Câmara dos Deputados, comandada na época pelo petista João Paulo Cunha.
No entanto, há pouca disposição política na Casa para estimular a recuperação desses recursos num momento em que nomes históricos do PT estão começando a cumprir suas penas de prisão.
Cabe também à AGU (Advocacia-Geral da União) tentar reaver o dinheiro público desviado.
O órgão não informa se já iniciou ou se está perto de apresentar ações nesse sentido.