Foto: BlogImagem O Governo de Pernambuco deu início nesta segunda-feira (16) ao processo de tombamento de um acervo com 270 mil documentos pertencentes ao ex-governador Miguel Arraes, falecido em agosto de 2005.
Os textos, cartas, vídeos, estudos e teses, em posse do instituto que leva o nome do ex-governador e é presidido pela viúva Magdalena Arraes, serão analisados por técnicos da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).
Eles devem preparar um laudo que, além de catalogar, apresentará o grau de relevância histórica do acervo.
Caso o laudo seja aprovado pelo Conselho Estadual de Cultura, o goverandor Eduardo Campos (PSB), neto de Arraes, poderá editar um decreto de tombamento para o material.
Não há prazo para conclusão do processo.
Segundo Antônio Campos, irmão do governador e presidente do Conselho do Instituto Miguel Arraes, a sede da instituição, no Poço de Panela, passará por uma reforma para abrigar melhor o acervo.
Parte dos documentos estará aberta ao público e outra parte deve exigir um cuidado maior para ser consultada. “Vai ter um critério da família diante da relevância de alguns documentos.
Nós temos documentos aqui de grande relevância histórica”, explicou à imprensa.
O projeto da reforma, que já está quase concluído, deve ser posto em prática dentro de dois anos; a tempo do centenário de Arraes.
Leia também: A partir de janeiro, encontros do PSB e da Rede incluirão PPS Eduardo Campos joga sentimento de mudança para Dilma Rousseff O tombamento é a primeira ação da família para celebrar a data, em 2016.
Também deverão ser realizados seminários internacionais para destacar a ação do ex-governador em muitos países na época do exílio.
O seminário deve incluir ações na França, Itália, Argélia e países da América Latina.
O governador Eduardo Campos (PSB) chegou à se emocionar durante o discurso exaltando o avô e mentor político. “É muito positivo a gente ver tudo isso sendo preservado.
E em vez de ficar em patrimônio da família, ficar a disposição dos estudantes, dos universitários, dos que querem estudar esse tempo.
Poder abrir muita coisa que nem a gente conhecia”, disse à imprensa.
O material presente no acervo hoje foi reunido ao longo de sete anos e meio pela família.
Boa parte dele estava no Crato, no Ceará, onde residia a bisavó do atual governador.
Outros documentos da época do exílio ficaram guardados na Itália, na casa de um amigo de Arraes.
Dentre os fatos abordados nos documentos há registros sobre um júri simulado realizado na Suiça com a organização do ex-governador, que denunciou a tortura no Regime Militar brasileiro.
O material foi entregue ao governador Eduardo Campos por um ex-embaixador na Itália.
Alguns documentos também demonstram a atuação dele como testemunha da Operação Condor, movimento de direita que tentou eliminar vários líderes políticos de esquerda na América Latina. “Ao longo de sua vida, ele sobreviveu a mais de dez tentativas de assassinato”, revela o neto Antônio Campos.