Por Luciano Arruda Eu fico preocupado com estes estigmas: “Brasil país do futebol”.
Todo rótulo tem o seu lado extremista e assim devastador.
Eu já presenciei reuniões com profissionais de vários países, num assunto meramente técnico, empresarial onde o Brasil sendo apresentado por mulatas sambando, peladeiros de várzeas preferencialmente pobres descalços (nenhuma vergonha de nossa realidade, mas não era adequado), as nossas florestas e praias.
Nenhum outro país mostrou elementos de sua cultura ou belezas naturais, pois existiam em igual peso, apenas o foco no assunto em questão, numa apresentação resumida, profissional e limpa.
Nós brasileiros terminamos não levando as coisas a sério e achamos que os outros se impressionam com os tipos estigmas acima.
Na minha opinião, estamos nos apresentando errado ao mundo.
Confundimos lazer com trabalho e termina embaralhando tudo em nosso dia a dia.
Dias destes eu voltei ao meu templo com uma enorme saudade, a biblioteca do CTG da UFPE e os alunos ao invés de se concentrarem em suas atividades, estavam exatamente fazendo este misto de trabalho e lazer…
Aí o ambiente perdeu a seriedade.
A seriedade é vital para solucionar os problemas uma vez que ela nos remete a focar e procurar as soluções de forma mais rápidas e precisas.
Na minha área, engenharia civil, devido a falta de seriedade deste bom exercício, termina-se em soluções pífias, sem a abrangência necessária para um projeto otimizado.
A Copa de 2014, como se diz, queimou o Brasil.
Por enquanto que as Olimpíadas de Beijing direcionou a China para quebrar os estigmas negativos que o mundo tinha a seu respeito.
No Brasil, devido ao fracasso de nossos gestores que relutam em negar a realidade e se utilizam portanto da maquiagem política a partir de um marketing forçando uma realidade medonha em algo positivo.
Não há dúvida que iremos ficar ainda mais estigmatizados como um país de moleques.
Não naquele sentido positivo de ser um moleque, mas no sentido que não temos maturidade e que não se deve ser confiável.
Principalmente a “necessidade” doente de lucrar ou de roubar terminou fracassando o projeto da Copa 2014.
O governo não conseguiu se livrar do canto da sereia, a corrupção.
A corrupção ou este “lucro” passou a ser o foco, assim os projetos eram meramente ferramentas para se chegar aos atos inescrupulosos da engenharia, da gestão.
Se é para extremar eu adicionaria mais possíveis estigmas em nossa cultura: “O Brasil é um país de Cleptomaníacos”, na pior das hipóteses: “O Brasil é um país de Corruptos”. É evidente que este meu extremo é mentira, é um raciocínio falacioso, em todos os países temos estes que vivem a margem da Ética ou doentes psiquiátricos.
O brasileiro tem também esta cultura de se colocar por baixo em relação a outros humanos, o estigma vira-latas tão usado por nosso conterrâneo Nelson Rodrigues, grande figura de Pernambuco que os cariocas querem nos roubar pelo ato cleptomaníaco dos bens culturais do Brasil.
Na verdade em eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas: o foco é exatamente os projetos, a preocupação máxima, o motivo de todos trabalharem pesado.
O Brasil perdeu esta grande chance, e agora muitos países que esperavam esta reviravolta do Brasil como um novo ator nas decisões mundiais, percebem que o país não está preparado para assumir esta importante posição.
Neste último ano, com as manifestações, a exposição do fracasso por atitudes duvidosas Eike Batista, mensalões, trens de São Paulo, falta de logística de Pernambuco etc..
Destruiu totalmente a ascensão que o Lula tinha realizado e impressionado o mundo naquela época.
A impressão positiva do Brasil acabou porque é uma fantasia o Governo Vermelho mostra-se pelos fatos que este não possui um projeto sustentável para o Brasil, é algo que se mostra temporário.
Exatamente porque foi provado que não temos seriedade em nenhum de nossos três poderes.
Infelizmente.
A minha maior decepção, o que não significa a aceitação ao fracasso, é que temos uma legião de ditos letrados incapazes de realizar uma análise analítica do Brasil atual e dão sustentação a gestores públicos incompetentes, numa história cíclica.
Não assumir a incompetência destes Governos vermelho, Tucanos e demais… é ser tolo, é dar continuidade a sermos um país de moleques.
Qualquer análise mínima chega-se a estas mesmas conclusões, pois provas materiais e imateriais não faltam de tanta incompetência que praticamente todos os governos que fui testemunha nestas quatro décadas.
Eu aprendi a não defender bandeira partidária sob pena de estar participando de um grupo mafioso, esta é minha sensação atual.
Todos são farinha de mesmo saco com objetivo de manter os mesmos grupos econômicos transacionais e/ou nacionais neste “modus operandi” e hão de continuar a nos explorar na próxima administração do governo federal.
Portanto, a questão social da Casa Grande & Senzala continua forte em nosso mundo.
Apenas percebo que foi um pouco aliviada e muito bem maquiada.
Precisamos acordar para colocar este país no eixo e assumir o nosso papel sendo responsáveis como exigência divina ao sucesso.
Assim, as frases “Brasil, o país do Futebol” , “O Jeitinho Brasileiro”, “Quem não Cola é tolo”, “Deus é Brasileiro” irão continuar a ser dogmas seguidos cegamente por nossa sociedade com todo o peso negativo que se tem a pró atividade e competência de cada cidadão se tornando numa autocondenação.
Luciano Arruda é engenheiro civil