Deu na Folha de São Paulo.

Documento elaborado pela cúpula do PT, que servirá de base para o 5º congresso nacional do partido, critica membros da sigla que ocupam cargos no Executivo.

O texto diz que governantes e congressistas do PT, “pressionados por seus afazeres institucionais”, ganharam “exagerada autonomia” na sigla, o que tornou o partido mais “burocrático” e com menos importância junto aos governos.

O congresso petista começa na quinta-feira.

Sem excluir a presidente Dilma Rousseff das críticas, o texto faz um mea culpa e diz que o PT “nem sempre acompanhou as mudanças da sociedade brasileira nos seus 30 anos de existência”.

As atividades governamentais e parlamentares do partido, segundo o documento, o afastaram de suas “bases originais” –a população mais carente, citada como os “novos segmentos que foram beneficiados pelas políticas aplicadas” pelos governo petistas.

Chamado de “texto de contribuição ao debate”, a versão final do documento foi divulgada ontem.

A elaboração ficou sob responsabilidade do ex-presidente do PT Ricardo Berzoini e do assessor para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia.

A versão oficial leva o nome de “Marcelo Déda e Luiz Gushiken”, petistas que morreram neste ano.

O texto também critica sindicalistas e dirigentes de organizações sociais que não “acompanharam as mudanças de seus respectivos movimentos”.

E defende que a democracia petista expresse o “pluralismo de ideias” e não o “conflito de interesses de indivíduos ou de grupos”. “O PT deixou de ser aquele ‘intelectual coletivo’ que se espera deva ser um partido de esquerda.

Afastou-se do socialismo, não por negá-lo, mas por ser incapaz de pensá-lo de forma criativa”.

Em outro trecho, a cúpula do PT diz que a prioridade do partido em 2014 será a reeleição de Dilma e ampliação de suas bancadas no Congresso.

O documento faz ampla defesa das alianças partidárias para as eleições do próximo ano, com sua “consolidação, ampliação e qualificação, essencial não só para vencer as eleições como para o exercício futuro dos governos em nível nacional e estadual”.

Os petistas criticam a oposição e negam que os governos Lula e Dilma tenham dado continuidade à gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB): “Grupos que no passado haviam privatizado o Estado, promovendo desmandos e privilégios, se transformaram em arautos da ética e da moralidade, escondendo as iniciativas de nossos governos, de transparência e de combate aos malfeitos”.

O PT prepara ainda um desagravo aos petistas presos no processo do mensalão.

A Folha apurou que o julgamento do caso também será criticado em um livro.