Foto: BlogImagem Dois documentos oficiais (um do exército e outro da aeronáutica) obtidos pela Comissão Estadual da Verdade Dom Hélder Câmara mostram a inocência do ex-deputado Ricardo Zarattini e do professor Edinaldo Miranda no atentado à bomba no Aeroporto dos Guararapes ocorrido no dia 25 de julho de 1966. “Esses documentos hoje, diante dos depoimentos que nós temos quanto a não participação de Zarattini e Edinaldo naquele acontecimento, não são mais objeto de polêmica [quanto a inocência deles]”, diz o coordenador da Comissão, Fernando Vasconcelos Coelho. “Demorou muito para o Estado brasileiro saber o que todos já sabiam”, afirmou o governador Eduardo Campos (PSB).
Nos dois documentos, entregues nesta terça-feira (10) ao governador e a família dos ex-acusados, oficiais militares apontam um dirigente do PCdoB como autor do atentado.
Para a Comissão da Verdade, porém, não há elementos para provar que esse é o verdadeiro autor do crime.
Tanto o governador, quanto o coordenador do grupo lembraram que forjar atentados para acusar a esquerda era tática comum do regime. “Não é fora de propósito que se admita que foi também uma manobra para justificar a edição do AI-5, logo em seguida”, explica Fernando.
Veja o discurso de Zarattini: Ocorrido pouco antes do endurecimento do regime militar, o atentado no aeroporto matou duas pessoas e feriu outras 14.
Segundo a versão da época, o ataque era destinado ao marechal Arthur da Costa e Silva, então candidato à Presidência da República, que vinha ao Recife participar de um evento na Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
Um imprevisto teria feito com que o militar desembarcasse em João Pessoa, de onde seguiu para a capital pernambucana de carro.
A mudança fez com que ele escapasse da explosão.
Zarattini e Edinaldo foram acusados de serem autores do atentado e chegaram a ser presos e torturados pelos militares.
Recebido com palmas, o ex-deputado se emocionou ao falar para a plateia.
Já o professor, que faleceu em 1997, foi representado pela ex-esposa, Maria Lucila Bezerra, e pela filha, Emília Miranda.
Todos receberam cópias dos documentos das mãos do governador.
Caso Odijas Na mesma solenidade, a Comissão da Verdade apresentou o a certidão de óbito do militante estudantil Odijas Carvalho de Souza, que falaceu no Hospital da Polícia Militar em 8 de fevereiro de 1971.
A nova certidão aponta a causa da morte como “homicídio por lesões corporais múltiplas” e foi entregue a viúva de Odijas, Maria Ivone Ribeiro.