Por Terezinha Nunes, deputada estadual pelo PSDB Estar na terra de Lula, o líder que se transformou em um grande puxador de votos, sobretudo no Nordeste, não foi suficiente para que o PT de Pernambuco se beneficiasse dos bons tempos em que a simples presença do ex-presidente em um comício era suficiente para começar a reverter o resultado de uma eleição.
Nem mesmo a ocupação por 12 anos na Prefeitura do Recife fez o partido crescer.
A legenda praticamente inexiste no interior e os poucos prefeitos que tem – cerca de 13 – não estão em cidades expressivas.
A exceção é Serra Talhada, mas Luciano Duque, o atual prefeito, nunca foi petista.
Ingressou na legenda como saída para montar uma equação eleitoral que acabou por beneficiá-lo.
Além das brigas internas como a de João Paulo e João da Costa, o PT não se estruturou sozinho.
Ficou gravitando em torno de outras legendas como o PSB, por exemplo, um partido que não só tomou dos petistas o sonho de governar o estado elegendo Humberto Costa em 2006, como impediu a permanência da legenda na capital.
Nos bastidores da política, petistas contam histórias do arco da velha para justificar seu próprio infortúnio, culpando sobretudo o governador Eduardo Campos que teria agido nos bastidores para aprofundar os desentendimentos internos, atiçando João da Costa na formação da dissidência que, mais uma vez, vitimou Humberto.
Na política, sabem todos, não existe espaço vazio.
Se o PSB acabou por utilizar ou utilizar-se do prestígio de Lula para crescer e chegar ao poder, isso só ocorreu porque o PT deixou uma imensa avenida desocupada para que seus aliados se estruturassem.
E assim cresceram não só o PSB – que agora tem uma enorme bancada na Assembleia – como o PTB.
Hoje, por exemplo, o PT está restrito a cinco dos 49 deputados estaduais e, mesmo assim, ficará só com quatro a partir do próximo ano quando a suplente Isabel Cristina deve sair para dar lugar a um dos deputados secretários que retornarão à Assembleia.
A única novidade petista em meio a este imbróglio todo é a escolha de uma mulher, a deputada estadual Tereza Leitão, para presidi-lo e com disposição de sobra para fazer a legenda esquecer as brigas e tentar crescer.
Foi de Tereza e não de Lula a ideia de o partido ter um candidato a governador em 2014.
Ela defende o nome de João Paulo, mas é possível que a candidata seja ela própria.
Tereza não esconde de ninguém que se não mostrar seu poder de fogo agora, mesmo que menor que os demais, a legenda vai acabar sem crédito para assumir o protagonismo na política, sonho de todos os partidos.
Segundo ela, mais um candidato a governador garantiria um segundo turno.
Desta forma, o PT pode até não ir ao segundo turno, mas sairia vitorioso assegurando um palanque para Dilma no segundo turno da sucessão presidencial.
Será que tem razão e vai convencer seus correligionários?
Não é fácil, mas não é impossível.
Antes mesmo de vencer a eleição para presidente estadual da legenda ela já afirmava na Assembleia que trabalharia dia e noite para unir as correntes de João Paulo e João da Costa e, pelo menos até agora, vai conseguindo seu intento.
O problema é que Tereza pode estar chegando tarde ao protagonismo petista.
Lula não é mais o mesmo.
Dilma idem.
Por ironia do destino, na verdade quem se beneficiou mesmo do período áureo da era Lula foi o governador Eduardo Campos e o seu partido que agora se afastam dos antigos aliados em busca seu próprio caminho.
Curtas Demora – A mudez do governador sobre o seu candidato em 2014 está deixando os deputados estaduais governistas com os nervos à flor da pele.
A alegação é uma só : o senador Armando Neto cresce a olhos vistos no interior.
Poder – O que se comenta nos bastidores da frente popular é que o vice João Lyra Neto pode não ser candidato à sucessão de Eduardo mas vai ser ouvido sobre a escolha do nome.
E teria poder de veto para não ser constrangido a pedir votos para alguém com quem não simpatiza.
Filho – Ao responder a um interlocutor dia desses sobre a provável candidatura do seu filho mais velho a deputado federal, a primeira-dama Renata Campos afirmou “se ele for candidato será contra a minha vontade”.