Por Reinaldo Azevedo Política quente resulta em guilhotina, linchamento, suicídio, paredão ou condenação ao atraso Atentemos para o país que está à volta da Papuda, ou acabaremos reféns daquele Nosferatu, o morto-vivo que insiste em roubar nosso vigor, nosso tempo e o espaço do colunista.

Por mim, ele trabalharia é no “Hotel Califórnia”, o da lendária música dos Eagles, onde se pode entrar, mas não sair.

Mas nada de certos aromas densos…

Quem não conhece a canção tem agora a chance.

Essa é do baú.

Coisa de velho, meninos!

Adiante.

O autor destas mal traçadas ficará feliz se estiver errado.

Avalia que a presidente Dilma Rousseff vai se reeleger no ano que vem.

Como não vê vantagem em confundir seu gosto pessoal (não votará nela de jeito nenhum!) com os fatos, escreve o que acha.

A razão de seu realismo, nunca de seu desencanto, é que não acredita em candidatura de oposição sem valores de oposição.

Segundo pesquisa Datafolha, publicada por esta Folha no domingo, no cenário mais provável, se a disputa fosse hoje, Dilma seria reeleita no primeiro turno, com 47% dos votos.

Aécio Neves ficaria em segundo, com 19%.

Em terceiro, viria Eduardo Campos, com 11%.

Há, como sempre, tempo o bastante para o inesperado, mas ele é insuficiente para plasmar uma nova esperança.

Que nova esperança?

Em todo o mundo democrático, pobre ou rico, partidos da direita democrática, mais conservadores ou menos, disputam o poder e são bem-sucedidos.

Depois de algum tempo, perdem para os “progressistas”, que serão apeados mais adiante.

A democracia não é finalista.

Seu fim é uma economia dos meios. É modorrenta e fria.

Política quente resulta em guilhotina, linchamento, suicídio, paredão ou condenação ao atraso eterno.

A democracia é o regime dos homens aborrecidos.

Também é coisa de velho.

Por que nós a queremos?

Para mantê-la.

O Brasil insiste em ser a exceção.

A elite intelectual e a imprensa não sabem ou fingem não saber –pouco importa se é burrice ou má-fé– a diferença entre direita democrática e extrema direita.

Sufocam o debate com sua ignorância bem-intencionada, com sua má-fé ignorante e, às vezes, até com seu humor iletrado.

Extrema-esquerda e esquerda divergem nos métodos, não na ambição de subordinar a sociedade a um ente de razão que, num primeiro momento, a domine e, depois, a substitua, pouco importando se pensam num partido ou num conselho de sábios.

Já a extrema direita é o avesso da direita democrática; a diferença é de essência, não de grau, como já demonstrou Olavo de Carvalho.

Isso é história, não opinião.

Procurem os respectivos manifestos dos vários fascismos do século passado.

Seu verdadeiro inimigo é o liberalismo, não o comunismo, no qual os fascistas sempre reconheceram o queixo de papai… “Direita”, no entanto, virou palavrão no Brasil.

Na academia, o liberalismo é tratado como sinônimo de exclusão social.

Ocorre que a maioria da população, já evidenciou o Datafolha, se identifica mais com valores ditos de “direita” do que de “esquerda”.

Mas inexistem por aqui os republicanos, os conservadores ou os democratas-cristãos.

As referências de progresso social e político de alguns dos nossos intelectuais não são os EUA, a Grã-Bretanha ou a Alemanha, mas a Venezuela, o Equador e Cuba.

Há muito tempo a oposição é prisioneira dessa falácia e não só evita o confronto de valores como aceita que o PT seja o seu juiz ideológico.

Ao disputar o poder, perde-se num administrativismo etéreo.

Alguns cronistas, achando que a rendição é insuficiente, recomendam-lhe que vá ainda mais para a esquerda e tente tomar do PT a bandeira do distributivismo da pobreza.

Seria seu último suspiro. “Você reclama do quê?

O modelo funciona!” Quem dera!

Teríamos ao menos uma escola melhor do que a do Cazaquistão.

Mas ela é pior.

Direita já!

Em nome do futuro.