A Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara apresenta, na próxima terça-feira (10), ao governador Eduardo Campos, em solenidade na sede provisória do Palácio do Governo, documentos dos órgãos de segurança pública, datados de 1970, sobre o episódio da bomba colocada no Aeroporto dos Guararapes.

Eles desmentem a versão oficial de que os culpados teriam sido o ex-deputado federal Ricardo Zarattini e o professor Edinaldo Miranda.

Maria Lucila Bezerra (socióloga e viúva de Edinaldo) e Zarattini devem participar do evento. “Estes documentos comprovam a inocência destes dois homens.

A Comissão Dom Helder vem a público ratificar a grave violação dos direitos humanos praticada pelo Estado que produziu material inverídico culpabilizando e punindo inocentes.

O Estado tinha conhecimento da verdade e permitiu, por exemplo, que Edinaldo fosse preso, torturado, processado e condenado.

O ato da tem grande importância para o restabelecimento da verdade na historiografia pernambucana e brasileira”, diz Fernando Coelho, coordenador da Comissão Dom Helder.

Durante o encontro,a Comissão da Verdade entregará ao governador e parentes de Odijas Carvalho de Souza a certidão de óbito retificada com a verdadeira causa da morte do líder estudantil: homicídio por lesões corporais múltiplas decorrentes de atos de tortura, emitido no Cartório Registro Civil da Graça 60 Distrito Judiciário da Capital (Recife).

O pedido de correção foi encaminhado à Justiça, em julho 2013, por meio dos membros da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara (CEMVDHC), que representam a economista Maria Yvone Loureiro Ribeiro (que foi casada com o estudante).

Odijas morreu em 08 de fevereiro de 1971, nas dependências do Hospital da PMPE, no Recife.

O atestado divulgado durante a ditadura indicou embolia pulmonar, ou seja, morte natural, assinado pelo médico Ednaldo Paes Vasconcelos.

O caso dele é um dos 51 que compõem a lista preliminar de mortos e desaparecidos políticos pernambucanos e que são alvo de análise da CEMVDHC.

A viúva, Maria Yvone Loureiro participa da cerimônia.

SOBRE O CASO Ocorreu em 25 de julho de 1966, quando uma bomba explodiu no saguão do Aeroporto dos Guararapes matando Edson Régis de Carvalho (secretário de Governo e jornalista) e Nelson Gomes Fernandes (almirante reformado).

Outras 14 pessoas saíram feridas na explosão.

O alvo principal do atentado seria o general Arthur da Costa e Silva, então ministro do Exército e candidato à sucessão do general Castelo Branco.

O militar acabou escapando da emboscada, por ter desembarcado na Paraíba.