Foto: Clemilson Campos/JC Imagem Por Carolina Albuquerque Do JC Online Para não topar na tarde dessa quarta-feira com uma manifestação de moradores da comunidade Irmã Dorothy, na Imbiribeira, o prefeito Geraldo Julio (PSB) primeiro desviou o caminho e depois cancelou a agenda divulgada no dia anterior, na qual iria assinar a ordem de serviço para o início do programa Cidade Saneada.

O projeto beneficiará mais de 200 mil pessoas com obras de saneamento, dragagem e pavimentação.

Após quase duas horas de espera no local indicado na agenda oficial e com tudo preparado – palanque e placas da obra – para receber o prefeito, foi passada a informação, por meio da assessoria, que o gestor tinha voltado para a Prefeitura por questões de segurança.

A manifestação denunciava a reintegração de posse do terreno invadido há dez anos pela comunidade, onde hoje moram, segundo lideranças comunitárias, cerca de mil famílias.

Munidos de cartazes, homens, mulheres, idosos e até crianças queriam chamar a atenção do governador Eduardo Campos (PSB) e do prefeito do Recife para que providências fossem tomadas e a luta antiga por moradia digna finalmente se tornasse realidade.

Na iminência de ser despejada, a líder comunitária Antônia Maria Mendonça disse que os moradores acabaram de passar pelo segundo recadastramento e nada aconteceu. “Há dois meses, estivemos na prefeitura.

Eles disseram que iam marcar uma nova reunião em oito dias e nada. É muito difícil falar com as pessoas lá, parece até um muro de Berlim”, desabafou, dizendo que levou o caso da comunidade inclusive à Organização das Nações Unidas (ONU).

Integrantes da secretaria de Governo tentaram por quase uma hora convencer os manifestantes a deixar o local.

Até que o secretário Sileno Guedes chegou e, mais alguns minutos, uma reunião foi acertada para hoje, às 10h, entre as lideranças comunitárias, Cehab e secretarias de Habitação, Assistência Social e Governo.

Os moradores, porém, decidiram permanecer e esperar o prefeito. “Dará mais força a nossa causa”, disse um deles.

A frustração foi grande quando foram informados de que o prefeito voltou atrás, pro volta das 16h30, uma hora e meia depois do horário marcado para iniciar o evento público. “Para mim, é um sinal de fraqueza, se recusou ao compromisso para não encarar a comunidade.

A gente não veio com agressão, nada.

Estamos de maneira pacífica, seria apenas um encontro dele com a nossa realidade”, disse Antônia.

Foi o coordenador de gestão da secretaria de Governo, Eduardo Vasconcelos, que primeiro informou à liderança comunitária que o prefeito não viria, com a desculpa de que “tinha uma outra agenda em seguida”.

Oficialmente, a próxima agenda do prefeito – um encontro social com a imprensa – estava marcada para às 20h.