Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem A política de combustíveis implantada pelo Governo Federal através da Petrobras pode provocar uma bolha no setor canavieiro.

Ao menos é o que avalia o presidente da União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida), Alexandre Andrade.

Na sexta-feira (29), a Petrobras anunciou reajuste de 4% para o preço da gasolina.

O aumento foi menor que o esperado pelo setor; cujo principal produto, o etanol, depende diretamente dos custos elevados da gasolina.

Além disso, houve um reajuste de 8% no preço do diesel, que impacta diretamente no transporte do álcool. “Sem estímulo ao etanol, haverá um verdadeiro calote.

Isso é uma bolha, que estourará a qualquer momento”, diz Alexandre Andrade.

O dirigente baseia sua análise no fato de que a safra de cana de açúcar atual está fortemente financiada pelo BNDES, principalmente na região Centro-Sul.

Com o consumo do etanol em baixa, os produtores podem ter dificuldade para quitar os compromissos com os bancos.

A expectativa do setor era de que houvesse um reajuste maior para a gasolina, principalmente por causa dos problemas de liquidez da Petrobras.

Há meses a estatal tem comprado petróleo a um preço mais alto do que vende no Brasil e operado no vermelho.

O preço da gasolina, porém, é segurado pelo governo, que teme um impacto negativo do aumento na inflação. “Com esta política suicida do governo em relação à Petrobras e ao etanol, evidencia-se a política equivocada de desestímulo ao combustível renovável e nacional, priorizando o combustível fóssil e importado”, critica Alexandre.

De acordo com a Unida, as dificuldades dos produtores já têm provocado retração no setor.

O grupo diz que a multinacional Bunge tem procurado compradores para suas indústrias, após investir R$ 2 bilhões no setor. “A prova disto é que em cinco anos já fecharam mais de 50 usinas e outras dezenas estão em recuperação judicial”, afirma o dirigente.