Da Agência Estado O calendário eleitoral indica que os governadores, neste momento deveriam estar acelerando os investimentos públicos para ter o que mostrar nas campanhas de 2014.
A apenas 11 meses das eleições, porém, metade dos Estados está investindo menos do que em 2009 - e isso apesar de todos, com exceção do Amapá, terem elevado a arrecadação acima da inflação no mesmo período.
Nos 12 meses encerrados em agosto de 2013, o governo de Tocantins, por exemplo, investiu apenas R$ 507 milhões, menos da metade dos recursos aplicados nos 12 meses encerrados em agosto de 2009, em termos reais - já considerados os efeitos da inflação.
A comparação é feita em relação a quatro anos atrás porque os investimentos são fortemente afetados pelo ciclo eleitoral, no qual o governante costuma “fazer caixa” no início da gestão e abrir os cofres no final.
Leia também: Pernambuco é o 2º Estado em que os investimentos mais cresceram nos anos pré-eleitorais Os investimentos são considerados a “fatia nobre” das despesas públicas, porque representam expansão de infraestrutura ou de serviços.
Se os Estados arrecadam mais, mas não conseguem investir, é sinal de que uma parcela maior dos recursos públicos se destina a gastos de custeio, aqueles que só mantêm a máquina em funcionamento, sem criar nada de novo para os cidadãos.
Servidores.
Dentro do custeio, o item cujo peso mais aumentou é o pagamento de pessoal.
Em quatro anos, as despesas com funcionários e encargos sociais subiram 43% em termos reais (acima da inflação).
Os demais gastos de custeio (material de consumo, serviços de terceiros, manutenção de equipamentos, água energia, telefone etc.) cresceram apenas 8%.
Em Santa Catarina, o gasto com pessoal mais do que dobrou.
No Pará, subiu 90%.
Em Tocantins, o campeão do corte de investimentos, as despesas com funcionários subiram 55% - sempre em termos reais.
Detentor do maior orçamento entre os Estados, São Paulo está investindo mais do que há quatro anos, mas o crescimento foi de apenas 3%, em termos reais.
Já a receita corrente líquida (impostos e transferências federais, descontados os repasses para municípios) cresceu 14%.
Em agosto de 2009, São Paulo era responsável por 28% dos investimentos estaduais em todo o País; de lá para cá, a participação caiu para 25%.
No ranking da evolução do investimento, o governo paulista ficou em 14º lugar.
Já no quesito gasto com pessoal, o Estado ficou em nono: elevação de 54%.
O descompasso entre aumento de receita e de investimentos tem consequências negativas para a economia do País: as máquinas públicas ficam mais custosas, mas não devolvem benefícios para a sociedade na mesma proporção.
Em termos políticos, governadores que investem pouco podem ter mais dificuldades para se reeleger ou promover seus candidatos.
Com poucas obras e “vitrines” a exibir, os políticos detentores de poder ficam mais vulneráveis a críticas da oposição.
Esse fator pode ser especialmente significativo quando a eleição é marcada por uma tendência “mudancista” - recente pesquisa Ibope mostrou que, ao menos no governo federal, dois terços do eleitorado quer mudar “tudo” ou “muito”.