Por Eliane Cantanhêde Se a prisão de José Dirceu e José Genoino foi realmente dramática, as tentativas nada sutis de fuga estão virando piada em Brasília e nas redes sociais.
Dirceu girar, girar e acabar virando gerente administrativo de um hotel que era justamente de Sérgio Naya, deputado que foi cassado e preso, é a realidade esbarrando na ficção.
Ok, a vida dá voltas, mas não precisava tanto.
As perguntas são as mais maliciosas: vai cuidar do “lobby”?
Vai para a “lavanderia”?
Ou vai carregar as “malas”?
Não bastasse, a chefe de Dirceu no hotel ganha R$ 1.800, mas o salário dele vai ser de R$ 20 mil por mês.
E com um vidão.
Suíte à disposição, bar 24 horas por dia, uma piscininha de vez em quando, entra e sai à vontade de amigos e correligionários.
Aquilo vai virar uma festa.
Quanto a Genoino, exageraram na dose da vitimização e o remédio começa a fazer efeito inverso, criando uma nuvem de desconfianças.
Ele passou mal no voo para Brasília, mas tinha se recusado a fazer qualquer tipo de exame antes de embarcar.
Já na Papuda, foi anunciado que ele teve um infarto, mas foi só um pico de pressão.
O Supremo avalia prisão domiciliar permanente, mas uma junta médica atesta que não é “imprescindível”.
Por fim, a Câmara tem de decidir sobre a aposentadoria por invalidez, mas uma segunda junta diz que a cardiopatia não é tão grave.
O processo de vitimização evoluiu para um estágio de constrangimento geral.
No meio desse caminho, destaque para o artigo impecável do colega Marcelo Coelho, relatando fatos do mensalão e do julgamento, sem emoção, sem adjetivos, para concluir que, inocente, Genoino não é.
Segundo um velho ditado, “quanto mais alto, maior o tombo”.
Segundo outro, na mesma linha, “esperteza, quando é muita, vira bicho e come o dono”.
A hora é de humildade, gente.
Tentar garantir o luxo de Dirceu e santificar Genoino vai ter efeito bumerangue.
Aliás, já está tendo.