Por Felipe Lima, do Jornal do Commercio As exportações pernambucanas despencaram 41% este ano.
Um baque histórico para os últimos 13 anos.
Entre janeiro e outubro, empresas do Estado venderam US$ 464 milhões a menos para o exterior. É fato que, no mesmo período de 2012, pela primeira vez foi comercializada uma plataforma de petróleo para o mercado internacional, a P-55, produzida pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS) e adquirida pela Holanda.
Sozinha, respondeu por US$ 469 milhões.
Isso explica boa parte da queda.
Porém, produtos tradicionais da pauta pernambucana de exportações como açúcar, uvas, mangas, borracha, lagostas, cerâmicas e alumínio também registraram curva descendente.
O que ocorre em 2013 é uma conjunção de fatores isolados, mas que apontam para mudanças na estratégia comercial de diversos segmentos exportadores.
Estruturalmente, apesar do solavanco no meio do ano, o que mais afetou as vendas internacionais foi o câmbio.
Em janeiro, o dólar chegou a R$ 1,99.
Como os contratos são fechados com antecedência de meses, o ano se desenhava desinteressante.
Especificamente, o setor sucroalcooleiro foi duramente atingido pela seca e exportou cerca de 220 mil toneladas a menos.
Uma das consequências da produção 25% menor.
Porém, enquanto a queda foi mais intensa para o açúcar do tipo VHP, de aproximadamente 34%, vendido a granel por US$ 395 a tonelada, as vendas por contêineres do açúcar tipo refinado, de maior valor agregado (US$ 469/tonelada), sofreram menos: redução de 18%.
A operação amplia a margem de lucro em mais US$ 10 por tonelada.
E permite a inserção em novos mercados, como Argélia, Nigéria e Venezuela. “O açúcar refinado já representa 37% de todos os embarques de contêineres que saem de Suape.
No ano chega a 135 mil toneladas de açúcar refinado, que é um número significativo.
Já são 17% das exportações de açúcar”, ponderou o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco, Renato Cunha.
Os produtores de uva (-8,80%), desde o crash de 2008, intensificaram o trabalho comercial junto ao consumidor interno, especialmente da uva sem semente.
Mas o problema crucial no Estado é que a fruticultura enfrenta dificuldades logísticas para exportar por Pernambuco, com Suape “congestionado”, optando assim por portos cearenses (Pecém e Fortaleza) e baianos (Salvador).
No caso das mangas (-7,36%), comenta o presidente da Associação dos Produtores e Exportadores de Hortifrutigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco (Valexport), José Gualberto, se trata de uma oscilação comum.
Em 2013, a concorrência com frutas equatorianas e mexicanas incomodaram as vendas pernambucanas.
As baterias de veículos produzidas pelo grupo Moura, que até setembro registravam queda de 7,45% nas exportações, passaram a atender o seu principal mercado, o argentino, através de uma fábrica instalada naquele país. “Já esperávamos essa queda.
Os próximos dois anos serão marcados por esse processo de transição”, explica a diretora-executiva da Bateria Moura Argentina, Elisa Correia.