Jair Bolsonaro foi o único a criticar a proposta.
Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados Da Agência Estado Quase 50 anos após o golpe militar, o Congresso Nacional aprovou no início da madrugada desta quinta-feira, 21, um projeto de resolução que anula a sessão do Poder Legislativo que declarou vaga a presidência da República e destituiu do cargo o então presidente João Goulart.
A matéria foi tratada pelos parlamentares como uma “reparação” e “desculpa” histórica à decisão do Parlamento que, entre a noite dos dias 1º para 2 de abril de 1964, retirou formalmente Goulart da chefia do Executivo e abriu caminho para institucionalizar a ditadura militar.
O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou que futuramente vai realizar uma sessão solene em homenagem.
A sessão foi acompanhada por parentes de João Goulart como seu filho João Vicente Goulart.
Na semana passada, os restos mortais do ex-presidente foram exumados a fim de se determinar se ele foi envenenado ao morrer no exílio em Mercedes na Argentina, no dia 6 de dezembro de 1976.
Durante os debates, o deputado federal e militar da reserva Jair Bolsonaro (PP-RJ) foi o único a criticar a proposta.
Segundo ele a medida tem por objetivo tentar, com a anulação do ato de vacância, “apagar um fato histórico de modo infantil”. “Isso é mais do que stalinismo, quando se apagavam fotografias, querem apagar o Diário do Congresso”, disse o deputado.
Desta vez, o presidente do Senado conseguiu derrubar a tentativa de Jair Bolsonaro de derrubar a sessão por falta de quorum, como ocorreu na sessão anterior.
Renan Calheiros usou artigos do regimento interno da Câmara e da Constituição para barrar a iniciativa do deputado do PP. “Vossa Excelência, contra todos os lideres, todas as bancadas, não pode paralisar os trabalhos do Congresso Nacional, contrariando a Constituição Federal”, afirmou.
Após a derrota, Jair Bolsonaro disse ter ficado “satisfeito” com a decisão do Congresso que, na opinião dele, reconhece que o golpe não teria partido dos militares, mas sim pelo próprio Poder Legislativo.