Por Wanderson Florêncio, ex-vereador do Recife pelo PSDB O final do ano se aproxima e o Recife aos poucos passa a ser invadido por pedintes temporários, daqui e de outras localidades.

Apesar de ferir nossa alma, temos que ter a verdadeira sensibilidade de que dar esmola nas ruas em nada contribui para aquelas pessoas, pior ainda, quando crianças são colocadas como “vitrine” desse desastre social, sendo usadas cruelmente como iscas da compaixão temporária.

Estive há três semanas com o prefeito do Recife Geraldo Júlio e registrei minha preocupação com este fato recorrente.

Evidente de que se trata de algo delicado e que envolve todas as vertentes e poderes instituídos, o que não pode é a inércia oficial prevalecer.

Para isso, devem interagir Executivo, Legislativo e Judiciário, resguardando os direitos constitucionais e provendo contumaz a proteção das crianças e adolescentes, vítimas centrais.

Propagandas institucionais também deveriam ser experimentadas, conceituando à população o que representa e quais as consequências do ato de dar esmolas.

Quanto a isso, quando estivemos no mandato de vereador do Recife apresentamos o projeto de lei 163\2013 que determina o uso de ao menos 30% da propaganda institucional para promover cidadania e educação ambiental.

As ruas tomadas pela mendicância afrontam duramente a cidadania, e o ato de doar sob o fácil pretexto de Cristandade ou penitência por não compartilhar o pão no discorrer do ano é tão agressivo quanto discriminar, violentar e desdenhar do papel social de cada um.

Assim como, é dar as costas à cidade, transformando-a numa epifania balbúrdia.

Pois bem, fazer caridade não tem época nem data específica, cabe-nos procurar entidades ou fomentarmos nossa colaboração via meios inclusivos e duradouros caso seja essa a opção.

O poder público não pode se abster em intervir sobre essa situação, não apenas pelo fato de ver a cidade sendo transformada em verdadeiro abrigo aos quatro cantos e a céu aberto, mas especialmente, por ter o dever de preservá-la e garantir a dignidade social, sendo rígido e policial aos que se aproveitam do período natalício para corromper menores e a própria ética, pois destacamos que o guarda-chuva da beneficies sociais são salvaguarda da maioria destes.