Foto: Antônio Cruz/ABr O governador Eduardo Campos (PSB) utilizou a sua conta no Facebook para defender a realização de uma reforma política que acabe com a reeleição para o Poder Executivo. “Se me coubesse a tarefa de fazer uma reforma política, sabe a primeira coisa que eu faria?

Acabar com a reeleição.

Tem gente que faz qualquer coisa pela reeleição e as consequências a gente sofre lá na frente”, escreveu o socialista, reeleito em 2010 para o Palácio Campo das Princesas.

A declaração era uma resposta a um dos seguidores do governador, que questionou a realização de alinças políticas que visam a governabilidade.

A pergunta foi a deixa para que o pré-candidato à Presidência defendesse a realização de uma reforma política.

Além de acabar com o segundo mandato, o governador defendeu outras medidas para reformar o processo eleitoral no País.

Quer, por exemplo, que todos pleitos ocorram uma vez só, para eleger presidente, governadores, prefeitos e parlamentares em um único ano.

As eleições para o legislativo e executivo poderiam ocorrer com três meses de diferença como é no modelo francês, defendeu Campos. “Um pleito a cada dois anos paralisa o país porque todo ano é eleitoral ou pré-eleitoral.

E daí surgem os acordos que nem sempre (ou quase nunca) são bons para o país”, afirmou o socialista.

Em plena articulação da própria candidatura presidencial, o governador ainda quer minimizar o papel das alianças partidárias no processo eleitoral, acabando com a soma do tempo de rádio e TV dos partidos aliados no caso de uma coligação. “Isso reduziria muito os acordos eleitorais, que resultam em compensações posteriores”, explica.

Nesse caso, os candidatos a um cargo majoritário concorreriam apenas com os tempos de seu partido.

Se a regra valesse hoje, favoreceria o próprio socialista, que por enquanto tem apenas o tempo do PSB para enfrentar as coligações puxadas por PT e PSDB.

Campos gostaria de atingir algo entre quatro e cinco minutos de TV para vencer o desconhecimento que seu nome tem no eleitorado e, para isso, o PSB já trabalha a atração de quatro legendas: PDT, PPS, PV e Solidariedade para o palanque nacional em 2014.

Leia também: PSB quer atrair PDT, PPS, PV e Solidariedade para alcançar quatro minutos de TV para Eduardo Campos Documento programático da Rede e PSB defende reformas política, agrária, fiscal e de Estado Para Eduardo Campos, eleição de 2014 vai superar crise de expectativa Na postagem que originou o comentário, o governador revela que foi procurado por um investidor na Inglaterra que o questionou sobre o que poderia ser feito para reverter os números negativos da economia brasileira. “Eu falei para ele que todo brasileiro sabe o que precisa ser feito, pois esse assunto ocupa nosso noticiário com muita frequência: o Brasil precisa fazer suas reformas”, disse.

Durante o primeiro seminário da Rede e do PSB, no final de outubro, o tema chegou a ser discutido e as duas legendas sairam de lá com um documento que aponta as reformas política, agrária, fiscal e de Estado como desafios para o futuro do Brasil.

No texto, Campos diz que o que emperra a realização das reformas no País é que elas são pensadas para serem feitas a curto e médio prazo, o que acaba prejudicando interesses políticos imediatos e emperrando o debate.

A ideia tem sido defendida pelo governador em discursos há alguns meses. “Reformas profundas têm que ser trabalhadas para além do horizonte de um governo.

Aí você diminui a resistência de quem só enxerga o prejuízo imediato e não vê o benefício de longo prazo”, escreve na rede social.

A reforma tributária, prevê, precisaria de ao menos 12 anos para sair do papel. “Se Fernando Henrique ou Lula tivessem começado, nós já viveríamos num país com menos imposto e tributação mais justa”, alfineta.

Unir lado técnico e político Na resposta que deu ao seguidor, Eduardo Campos defendeu ainda a necessidade de um nome capaz de unir o lado técnico e político para ocupar importantes cargos públicos. “acho que o melhor perfil para se ocupar um ministério ou qualquer cargo público de relevância é somar capacidade técnica com sensibilidade política.

Um técnico puro muitas vezes só enxerga os números das planilhas.

E governo não é igual a empresas, cujo objetivo maior é o resultado financeiro”, diz.

O texto serve para vender o próprio currículo como melhor nome para alcançar a Presidência, mas acaba refletindo a situação do PSB pernambucano, que espera a escolha do governador para o nome que irá disputar a candidatura à sucessão no próximo ano.

Há pelo menos meia dúzia de postulantes dentro do partido, com perfis diversos entre técnico e político.

Dentre os principais nomes citados estão os do ex-ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra Coelho, do ex-governador João Lyra Neto, e dos secretários estaduais de Fazenda, Paulo Câmara, e da Casa Civil, Tadeu Alencar.

Em 2012, Campos apostou em um perfil puramente técnico para disputar a Prefeitura do Recife: Geraldo Julio.

A eleição de 2014, porém, vai ser diferente porque o governador terá que se dedicar a candidatura presidencial e não poderá dedicar tanto tempo a disputa local, o que favoreceria o lançamento de um nome que pudesse “caminhar com as próprias pernas” pelo Estado.

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