Por Adriano Oliveira, doutor em ciência política, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e sócio da Contexto Estratégia As pesquisas eleitorais não devem ser avaliadas globalmente.

Cada variável trazida pela pesquisa deve ser segmentada, pois desta forma é possível encontrar nichos eleitorais que ofertam informações valiosas para a análise política e para a criação de estratégias.

Diante da quantidade de dados que estão sendo disponibilizados pelos institutos de pesquisas, um indicador me chamou a atenção, qual seja: a avaliação da presidenta Dilma Rousseff nas Regiões Metropolitanas e no Interior.

O indicador Avaliação da administração é utilizado pelos estrategistas e acadêmicos como preditor dos resultados eleitorais.

Neste caso, se os presidentes estão bem avaliados, eles tendem a ser eleitos.

Entretanto, inúmeras eleições, as quais ocorrem nos âmbitos municipal, estadual e federal, revelam, empiricamente, que campanhas importam para a reconstrução de gestões mal avaliadas.

Ou para a desconstrução de gestões bem avaliadas.

Portanto, a variável Avaliação da Administração é um indicador importante quando consideramos a possibilidade de recuperação ou desconstrução da gestão dos incumbentes através das campanhas eleitorais e das circunstâncias.

Constato, ao analisar o porcentual de eleitores que aprovam (ótimo/bom) a gestão da presidente Dilma Rousseff, diferenças importantes quando segmento os resultados.

Conforme revelam os dados das variadas pesquisas do Datafolha, a aprovação da presidenta Dilma Rousseff é superior no espaço geográfico denominado de Interior.

E é menor noutro espaço geográfico: a Região Metropolitana.

Diante desta constatação, surge-me uma indagação: quais as razões das diferenças de porcentuais?

A resposta para tal pergunta é simples diante de diversas hipóteses, as quais precisam, obviamente, de comprovação.

Elenco quatro hipóteses: 1) Quanto menor o municipio, melhor a satisfação do eleitor com a oferta de serviços públicos, como saúde e educação; 2) Programas sociais como o Bolsa Família possibilitam maior porcentual de eleitores satisfeitos com o bem-estar econômico em cidades do interior; 3) A inquietude dos eleitores para com a ausência de mobilidade é mais forte nas cidades que integram as Regiões Metropolitanas; 4) 77% dos domicílios das áreas de moradia informal, precária e pobre estavam, em 2010, nas Regiões Metropolitanas (IBGE).

Portanto, a qualidade de vida nas Regiões Metropolitanas é menor do que nas cidades do Interior.

Sendo assim, nestes espaços, observam-se eleitores mais insatisfeitos e inquietos com os gestores públicos.

As hipóteses apresentadas sugerem que nas Regiões Metropolitanas parte dos eleitores estão apreensivos com os governos, em particular, com a gestão de Dilma Rousseff.

Sendo assim, o desafio da presidenta é aumentar a aprovação da sua gestão entre os eleitores destas regiões.

Mas de que modo fazer isto, diante de desafios que para serem superados, necessitam dos apoios de prefeitos e governadores, como, por exemplo, a mobilidade urbana?

A possibilidade de reduzido crescimento econômico em 2014 inibirá a criação de euforias eleitorais prol Dilma Rousseff nas Regiões Metropolitanas?

As duas indagações apresentadas, além dos dados contidos no gráfico a seguir, representam problemas eleitorais para Dilma e sugerem que ela precisa ter ótimo desempenho eleitoral nas cidades do interior, em particular do Nordeste, para vencer a eleição.

Os dados e os questionamentos também revelam oportunidades eleitorais para os presidenciáveis da oposição.