A Comissão Estadual da Verdade Dom Helder Câmara organiza um ato de desagravo para inocentar simbolicamente os engenheiros Ricardo Zarattini e Ednaldo Miranda (falecido em 1997) da acusação de terem explodido um artefato no saguão do Aeroporto dos Guararapes, no Recife, em 25 de julho de 1966.
O episódio matou duas pessoas e feriu outras 14.
Por causa da criminalização - feita pelo delegado Moacir Sales -, ambos foram presos, torturados e até hoje são lembrados como autores do atentado, como contou Zarattini em depoimento à Comissão em abril.
O grupo que investiga fatos relacionados ao período da ditadura militar encontrou nos arquivos públicos Nacional (localizado em Brasília) e do Rio de Janeiro documentos até então secretos da Aeronáutica sobre a investigação do atentado que comprovam a inocência dos dois.
Os texto datam de 1970, ou seja, um ano após a explosão. “O importante é dizer que estes documentos mostram como os meios de repressão sabiam que nem Ricardo nem Ednaldo foram responsáveis e mesmo assim eles continuaram presos e sendo torturados”, ressalta a professora Socorro Ferraz, membro da Comissão e uma das relatoras do caso.
De acordo com o coordenador do grupo, Fernando Coelho, a data para a cerimônia está sendo acertada.
Ela depende das agendas de Zarattini, que mora em São Paulo, onde nasceu, e do governador Eduardo Campos (PSB), que está na Europa e volta dia 11.
A viúva de Ednaldo, Maria Lucila Bezerra, receberá a homenagem no lugar dele.
O atentado ao Aeroporto tinha como objetivo matar o marechal Arthur da Costa e Silva.
Ele viajava pelo Brasil em campanha antes de assumir a Presidência e escapou porque decidiu seguir de João Pessoa para o Recife de carro.