Da Agência Estado Pesquisa feita com dois mil moradores de 63 favelas brasileiras mostra que a classe média dobrou de tamanho nas comunidades na última década, a exemplo do crescimento que aconteceu no País como um todo.

A média salarial é de R$ 910 e metade das casas tem TV de plasma ou de LCD, computador e micro-ondas.

A renda anual dos 11,7 milhões de brasileiros que vivem em favelas - população maior do que a do Rio Grande do Sul, o quinto estado mais populoso da federação - é estimada em R$ 63,8 bilhões.

A pesquisa é inédita, segundo o Instituto Data Popular (focado nas classes baixas), que aplicou os questionários.

O objetivo é tirar da invisibilidade uma camada da população que tem muitas demandas e grande potencial de consumo.

As perguntas foram elaboradas com a ajuda de moradores e foram direcionadas a hábitos de consumo, nível cultural e impressões sobre os serviços públicos.

Dados do IBGE embasaram o estudo.

Os dados mostram que 59% dos habitantes de favelas não têm conta corrente e 65% não possuem cartão de crédito.

Práticas informais como o pagamento fiado, persistem, disse metade dos entrevistados.

A divulgação foi feita nesta segunda-feira, 4,, no lançamento do Data Favela, instituto de pesquisa criado pelo Data Popular, de Renato Meirelles, e a Central Única das Favelas ONG fundada por Celso Athayde.

O Data Popular tem o intuito de identificar oportunidades de negócio nas comunidades.

As entidades estão promovendo o Fórum Nova Favela Brasileira, durante o qual os resultados são apresentados e comentados - o primeiro dia foi ontem, no Hotel Copacabana Palace, e o segundo é hoje, na sede da Cufa, no subúrbio de Madureira. “Quisemos lançar no hotel mais luxuoso do Rio para trazer a favela para cá”, disse Meirelles. “A ideia é ter a favela como protagonista, porta-voz de sua história. É a primeira vez que se ouve a opinião dos moradores em larga escala.

Este é um mundo invisível do ponto de vista da opinião e do consumo.” Dos jovens, 65% já foram revistados pela polícia, o que dá a medida do preconceito contra quem mora nas comunidades.

A média de revistas relatada foi de 5,8 vezes.

Em relação ao nível educacional e cultural, a pesquisa mostrou que mais de um terço das casas não tem um livro sequer, e que a média de escolaridade dos moradores é de apenas seis anos.

Apesar das dificuldades, da precariedade que persiste no fornecimento de água, luz e saneamento, dois terços dos pesquisados afirmaram não querer sair da favela.