Fotos: Clemilson Campos/JC Imagem Basta chegar em Água Preta, município situado na Zona da Mata Sul de Pernambuco, para perceber que há algo diferente acontecendo por lá.

A maioria das casas sustenta no telhado uma bandeira, vermelha ou amarela e laranja.

Carros de som transitam a toda hora.

Ocorre que, neste domingo (3), cerca de 22 mil pessoas devem ir às urnas para escolher novamente um prefeito.

Eleição em Água Preta revela racha Na votação de outubro passado, o candidato Armando Souto (PDT) venceu a disputa com 52,75% dos votos, mas teve o registro de candidatura cassado porque o próprio partido questionou a postulação dele.

Como o pedetista obteve mais da metade dos votos válidos, em maio, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu por realização de novo pleito.

A nova campanha foi marcada por rivalidade exacerbada e agressões, tanto entre os candidatos quanto entre moradores.

Na disputa, estão Armando – que, por meio da direção nacional, conseguiu apoio do partido para se candidatar – e Eduardo Coutinho (PSB).

A professora Ellen Vanessa Gomes, 30 anos, conta que prestou queixa na delegacia de polícia por causa de agressões verbais que recebeu de um eleitor do candidato adversário.

Coutinho relata que foi arremessada uma pedra contra ele durante uma caminhada.

A disputa também foi parar na Justiça.

Armando entrou com uma ação questionando a candidatura de Coutinho alegando que, se eleito, ele terá o terceiro diploma seguido de prefeito, o que não é permitido pela legislação eleitoral.

Ocorre que o socialista cumpriu um mandato (2008-2012) e, após vencer na Justiça, assumiu o Poder Executivo entre janeiro e outubro deste ano até o TSE resolver pelas novas eleições.

Quando houve a decisão de outro pleito, o presidente da Câmara, Elias de Alegrete (PTN), ficou no posto interinamente.

Armando perdeu na primeira instância e diz que pediu aos advogados para não recorrerem ao TRE-PE.

Ela afirma que quer “vencer no voto, não no tapetão”.

Quando a reportagem esteve na cidade, na última quarta-feira (30), havia militantes de Armando nas ruas e o candidato estava arrodeado de aliados.

Já Coutinho não teve agenda pública durante o dia, apenas o último comício da campanha, à noite.

Foto: Clemilson Campos/JC Imagem Coutinho avalia que não ganhou a reeleição para Armando porque o pedetista usou como estratégia a vitimização. “Ele era um anão e se tornou maior, conseguiu sensibilizar as pessoas”, considera.

Armando reclama que “estadualizaram” a campanha, já que correligionários do socialista se engajaram.

Participaram de comícios os secretários do governador Eduardo Campos (PSB), a exemplo de Antônio Figueira (Saúde), Isaltino Nascimento (Transportes) e Tadeu Alencar (Casa Civil), além do prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB).

O clima acirrado também fez a delegada da região chamar representantes dos candidatos para pedir tranquilidade no dia do pleito.