Críticas do ex-presidente ao governo FHC O ex-presidente Lula tem que parar de brigar com a história.

Se não houvesse o governo do presidente Fernando Henrique, com a estabilidade econômica, com a modernização da economia, não teria sequer havido o governo do presidente Lula.

O presidente Lula teve duas grandes virtudes, duas importantes virtudes em seu governo: quando deu sequência e ampliou os programas sociais de transferência de renda do governo do presidente Fernando Henrique.

Não vamos esquecer que o presidente Fernando Henrique deixou 6,9 milhões famílias cadastradas e recebendo algum benefício: Bolsa Escola, Bolsa Alimentação ou Vale Gás.

O segundo momento positivo do presidente Lula, contrariando todo o discurso da sua campanha, foi manter a política macroeconômica do governo anterior, aquilo que chamamos de tripé macroeconômico.

Foram os dois grandes acertos do governo do presidente Lula.

Portanto, é uma bobagem ele esquecer o que veio antes dele.

Acho que é uma demonstração de fragilidade e de grande incoerência querer criar adversários virtuais.

Escutei o ex-presidente falando que os adversários consideram o Bolsa Família uma esmola.

Não sei quem disse isso, não conheço nenhum adversário que disse isso.

Mas me lembro que o presidente disse isso na sua campanha no 2º turno em 2002, quando se referia aos programas que foram os embriões do Bolsa Família como esmolas.

E estendo até à própria presidente, que precisa encontrar um discurso um pouco mais coerente.

Ela, quando alertávamos o país para o recrudescimento da inflação, a inflação de alimentos na casa de dois dígitos, se referia a nós, inclusive em cadeia de rádio e televisão, como os pessimistas de plantão.

Disse que não existia nenhum problema inflacionário.

Essa semana ela admite, em seu próprio discurso, diz que a inflação que gerou tanta preocupação e afligiu tanto aos brasileiros no início do ano, mas que agora está mais sob controle.

Quero dizer que não, não está não.

A inflação continua afligindo os brasileiros.

Não dá para a mídia do governo se impor à realidade do país.

Temos uma situação no país extremamente preocupante.

Nosso crescimento é pífio, vergonhoso em relação aos nossos vizinhos, a inflação no teto da meta é extremamente perigosa sobretudo para países em desenvolvimento, como o Brasil.

O crescimento da nosso dívida pública é extremamente preocupante, o saldo da nossa balança comercial provavelmente vai inexistir esse ano, vai ser zero, e a perda da credibilidade do Brasil é o fato concreto que existe hoje.

Lula raivoso?

Essas últimas aparições e falas do presidente não é de quem está sereno.

Não é de quem está confiante.

Repito: não há como brigar com a realidade.

O que a ministra Marina faz é registrar o que ocorreu efetivamente na história do Brasil.

A estabilidade foi o pressuposto, é a pré-condição absolutamente fundamental para que o Brasil avançasse ao longo desses anos, mas a capacidade transformadora do governo do PT, se é que um dia existiu, exauriu-se.

Vejo o presidente da República e a própria presidente, que não tem uma agenda de presidente, tem uma agenda de candidata que os brasileiros pagam a conta porque feita com dinheiro público.

Um ato de campanha eleitoral, esta semana, na comemoração dos 10 anos do Bolsa Família.

Nada havia ali de governo, mas às custas do governo.

O governo do PT e a própria presidente da República, infelizmente, continuam tendo uma enorme dificuldade em separar o que público do que é privado e o que é público e partidário do que é privado.

O governo tem essa dificuldade permanente.

Candidato no lugar da Dilma Mesmo sem querer, vai criando uma sombra sobre ela.

O que vejo é o PT hoje muito ansioso, aflito.

Duvidando das condições da presidente da República que eu acho que não são boas.

Alguém para disputar a reeleição deveria estar numa condição muito melhor da que ela está.

Hoje, mais de 60% dos eleitores brasileiros dizem não querer votar em uma candidatura do PT.

Isso gera inseguranças internas.

Agora, isso é uma questão que eles vão ter de resolver internamente.

Se alguém tem hoje efetivamente um conflito interno, é o PT.

Demonização do privado Acho que o governo foi um bom aprendizado para ele.

O que tenho dito, e vou dizer hoje de forma muito clara, é que o aprendizado do PT no governo tem custado muito caro ao Brasil.

Por exemplo na relação com o setor privado.

O PT demonizou essa relação, ao longo de anos fez disso quase que um instrumento de política eleitoral e, ao mesmo tempo, agora de forma, a meu ver, envergonhada, sucumbe, se curva à necessidade da parceria com o setor privado.

Na gestão do Estado brasileiro a ineficiência é a principal marca, acho que é essa que fica.

Se nós formos buscar lá adiante, fora do ambiente eleitoral, marcas para o governo da presidente Dilma, eu diria que ele teria duas marcas muito claras: a ineficiência por um lado e os desvios éticos por outro.