Por Rogério Gentile Quatro dias depois de um coronel da Polícia Militar de São Paulo ter sido espancado covardemente por encapuzados, quase linchado durante um protesto, o ministro Gilberto Carvalho achou por bem passar a mão na cabeça dos tais “black blocs”.
Convidou-os para um “diálogo”.
Ex-seminarista, instalado há dez anos no Palácio do Planalto, Carvalho disse que é necessário compreender o que chamou de “fenômeno social” para chegar à raiz do problema.
Em sociologuês, afirmou que “é preciso entender até que ponto a cultura da violência vivida na periferia já emigrou para esse tipo de ação”.
As imagens das agressões ao coronel da PM, disponíveis na internet, são reveladoras sobre o conceito de “ação” do ministro.
Em meio a gritos de “pega, pega”, o coronel Reynaldo Simões Rossi é cercado por um grupo de mascarados, que o agride na base da paulada.
Tenta fugir, cai no chão, mas continua a apanhar.
Na confusão, consegue se levantar, corre, sofre chutes e novas cacetadas.
Só escapa quando um policial, de arma em punho, o puxa pelo braço.
Ele deu sorte.
Sofreu apenas fraturas nas omoplatas e ferimentos na cabeça e no corpo.
Poderia ter morrido.
Note-se que o ministro, tolerante com os “black blocs”, dizendo que “não basta criminalizar essa juventude”, não proferiu nenhuma palavra de solidariedade para com o coronel.
Tampouco mostrou-se interessado em colher sua opinião sobre o tal “fenômeno social”.
Carvalho já se mostrou mais indignado.
Quando militantes do PT foram hostilizados em junho, após tentarem participar da celebração pelo recuo no aumento das tarifas de ônibus e metrô, o ministro reclamou. “Sem partido, no fundo, é ditadura.
Temos de ficar muito atentos a isso”, afirmou.
Como a fase agora é de compreensão, fica a dúvida: o diálogo do ministro com os vândalos será com ou sem máscara?