Rodrigo Lobo/JC Imagem Pelas redes sociais, neste começo de tarde de quarta-feira, o promotor de Justiça do MPPE Ricardo Coelho reconheceu a derrota em ação que pedia na Justiça estadual a restauração de prédio Caiçara, demolido em Boa Viagem. “Como e Estado e a Prefeitura ainda nao tombaram o bem, resta agora apelar para o bom senso da construtora Rio Ave, e, principalmente a URGENTE mobilização popular.
Vamos a luta !”, afirmou, sobre a cassação da liminar obtida pelo MPPE.
O prédio começou a ser demolido no final de setembro.
Em uma nota de esclarecimento, logo depois da eclosão do caso, a Prefeitura do Recife informou, através da Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano, que a licença para a demolição do Edifício Caiçara havia sido dada em novembro de 2011.
No entanto, em 27 de janeiro de 2012, a antiga Diretoria de Controle Urbano (Dircon) havia determinado a suspensão da licença de demolição, a pedido da Secretaria de Cultura do Recife, que iniciava processo de análise para classificar o imóvel como especial de preservação, até ulterior decisão. “Por não cumprir tal decisão, a construtora Rio Ave será acionada pela Prefeitura do Recife e terá que pagar uma multa”, ameaçou a gestão municipal.
Disse ainda a nota: “Sobre a recomendação do Ministério Público de Pernambuco em transformar o Edifício Caiçara em um Imóvel Especial de Preservação (IEP), a gestão anterior (João da Costa) optou por aguardar o parecer da Fundação de Patrimônio Artístico de Pernambuco (Fundarpe) para só depois encaminhá-lo à Comissão de Controle Urbanístico (CCU) e ao Conselho de Desenvolvimento Urbano para análise e que, embora tenha tomado conhecimento do teor do documento, a Prefeitura do Recife ainda não foi comunicada oficialmente pela Fundarpe”.
A campanha para impedir a demolição completa do edifício Caiçara, na Avenida Boa Viagem, Zona Sul do Recife, chegou até à internet.
Depois do protesto físico na orla, com quatro gatos pingados, o movimento virou virtual.
Surfando na onda, o líder da oposição no Recife, vereador Raul Jungmann (PPS), também chegou a anunciar que deu entrada em um Projeto de Lei na Câmara Municipal do Recife classificando o Edifício Caiçara como Imóvel Especial de Preservação (IEP).
Ele só tomou essa iniciativa depois que a construtora iniciou a derrubada do prédio em Boa Viagem. “Isto provocou a revolta das pessoas com o descaso com o patrimônio histórico da cidade, visto que o Edifício é da década de 40”, disse, na época. “A destruição do Edifício Caiçara é mais um assassinato contra a história da cidade do Recife.
Isso é, na verdade, uma fotografia de um filme de horror que vem se fazendo com a alma do Recife. É preciso que a Prefeitura e os órgãos do Governo do Estado regulem essa indiscriminada destruição da memória da nossa cidade.
O Caiçara será um marco em dizer basta na destruição daquilo que a nossa cidade tem de patrimônio”, argumentou Raul Jungmann. “O Edifício Caiçara remete à memória histórica e afetiva da cidade do Recife, é um dos poucos remanescentes da origem do bairro de Boa Viagem.
Ccom o crescimento da área, as antigas casas e residências e edifícios menores foram dando lugar a construções cada vez mais verticalizadas, que foram transformando a paisagem local e mudando a feição do bairro, de origem balneária.”