Foto: José Cruz/ABr Da Agência Estado A crítica ao presidencialismo de coalizão será um dos temas que pautarão as discussões do primeiro encontro programático da aliança PSB-Rede, marcado para esta segunda-feira, 28, em São Paulo.
Documento elaborado em conjunto por integrantes das duas agremiações, com o objetivo de nortear o debate, aponta para a falência de um modelo baseado em “distribuição de feudos” no governo e para a necessidade de se pensar novas formas de fazer política no País. “É necessária mudança profunda do sistema político para permitir a emergência de outro modelo de governabilidade, cujos alinhamentos se deem em torno de afinidades programáticas, e não em torno de distribuição de feudos dentro do próprio Estado, do desmantelamento da gestão pública, e do uso caótico, perdulário e dispersivo do orçamento nacional”, diz trecho do documento ao qual o jornal O Estado de S.
Paulo teve acesso.
A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva tem mantido um discurso duro em relação ao que define como a prática de lotear cargos em troca de apoio no Congresso.
Ela defende que é possível governar o País sem uma base de apoio formada nos moldes políticos tradicionais, desde que haja o apoio da população.
Depois da aliança, formalizada no último dia 5, o governador de Pernambuco e provável candidato à Presidência, Eduardo Campos, incorporou o discurso de Marina e também tem atacado o modelo de distribuição de cargos a aliados políticos.
Na prática, porém, o governo de Pernambuco abriga 14 partidos em sua base e não viu problemas em colocar na sua administração pessoas que o ajudaram nas eleições de 2006 e 2010.
O PSB também fazia parte da base aliada do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) até meados de setembro e só decidiu entregar os cargos para poder articular, com menos constrangimento, a candidatura própria ao Palácio do Planalto.
Para o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, um dos responsáveis por preparar o documento que será apresentado nesta segunda-feira, 28, a forma de conquistar a maioria para poder governar, por meio da distribuição de cargos a aliados, é um problema de todos os governos, que tem de ser amplamente discutido com a sociedade. “Para mudar isso, é preciso fazer uma reforma política de verdade”, defende.
Outros pontos Bazileu Margarido, membro da Executiva da Rede, explica que o documento tem um caráter preliminar e será entregue aos cerca de 120 participantes para servir como ponto de partida para o debate.
Além de pregar mudanças no sistema político, o texto destacará outros dois temas: a necessidade de o País avançar nas conquistas econômicas e sociais e a promoção do desenvolvimento sustentável.
Durante o encontro, as pessoas serão divididas em grupos para discutir as ideias contidas no documento.
O evento, que será transmitido pela internet, também prevê a contribuição online de militantes.
Sem polêmica No encontro desta segunda-feira, 28, no entanto, ficarão de fora temas polêmicos, como a formação de palanques estaduais.
Ainda em clima de lua de mel, integrantes da Rede e do PSB têm repetido que, por enquanto, há “mais convergências do que divergências” entre os dois grupos.
Para evitar atritos, Campos e Marina orientaram seus aliados a não comentar temas ligados à campanha.
A dupla tem dito que o momento agora é de discutir ideias e que o debate eleitoral deve ser deixado para 2014.