Foto: Agência Brasil Por Michel Zaidan Filho, sociólogo Anuncia-se que esta semana o PSB se encontra com o Partido Rede Sustentabilidade, da irmã Marina Silva, para um acerto de programas entre as duas legendas.

Imagina-se que deve ser inadiável esse encontro, em função das enormes diferenças de princípios, prioridades e idéias entre a líder penteconstal da Assembléia de Deus e a raposa pernambucana.

Desde a reação dos confrades de Marina à sua entrada no PSB às discordâncias de altos próceres da base aliada do governador, em relação à sua candidatura à presidencia da República, aguardava-se um momento de explicitação das bases desse acordo que surpreendeu a muitos.

Além de terem em comum sua oposição ao governo petista, e de terem se promovido publicamente às custas do petismo, o que podem trocar entre si um e outro?

Com certeza, a contribuição do PSB a esse debate será a agenda gerencial de governo, a chamada administração por metas, também conhecida pelo nome “neo-taylorismo social”, fazer mais com menos, choque de gestão ou de modernidade administrativa, como queiram chamar.

Vai ser gozado ver o governador ensinar a Marina como transformar a natureza, as reservas ambientais, unidades de conservação, zeis e prezeis em trunfos para a instalação desregulada de empresas montadoras internacionais ou como autorizar a instalação de grandes empreendimentos comerciais em área de mangue sem o relatório de impacto ambiental ou ainda como decapitar partido e Ongs ambientalistas, cooptando seus chefes para o governo estadual.

Certamente a ex-presidenciável tem muito a aprender com o chefe do PSB em matéria de “raposismo” ou “metaformose” política.

Logo ela vai saber que o “verde” só entra, apenas, no port-fólio das empreiteiras e agências de turismo de Pernambuco.

E Marina, o que vai apresentar ao PSB como contribuição programática?

Certamente vai falar de desenvolvimento sustentável, socialmente justo, economicamente equilibrado.

Que o governo do PSB transforme os chamados “Polos de desenvolvimento” em ilhas de irradiação de riqueza e emprego, beneficiando às áreas contiguas, em vez de serem meros ninchos de competitividade integrados na globalização dos mercados.

Vai dizer que a preservação da natureza é um dever da nossa geração com as seguintes e que ninguém pode dispor dela como se fôsse alguma que estivesse “aí, grátis”.

Que a valorização capitalista do meio-ambiente é sinônimo de entropia e destruição.

Que nenhuma modelo de crescimento economico apoiado em mera renúncia fiscal, grandes empréstimos subsidiados e favores governamentais a empresas e negócios pode redistribuir renda.

E que o pacto federativo não é uma mera figura de retórica, para ser usada em épocas de campanha eleitoral.

Na verdade, esse esperado encontro de agendas tem tudo para ser uma “embromação” de parte a parte.

O lema: fazer mais e melhor deve ser traduzido como não mistura água com vinho ou como vender fumaça a incautos e desavisados.