Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem Veja a nota oficial enviada ao Blog de Jamildo pelo SOS Corpo, em resposta ao projeto de lei do tucano Eduardo Porto, na Assembleia Legislativa.

Em Pernambuco, deputado quer vagão do metrô exclusivo para mulheres Enquete: você é a favor de um vagão exclusivo para mulheres no metrô?

Queremos mais espaço e menos machismo Os vagões exclusivos para mulheres aponta para discussões mais profundas, que vão além de ser contra ou a favor do projeto de lei do deputado Eduardo Porto (PSDB).

Em primeiro lugar, essa discussão evidencia os problemas estruturais do transporte público nas grandes cidades, que não comportam a quantidade de pessoas que se utilizam dele.

O segundo ponto é a violência a que mulheres estão sujeitas nos espaços públicos.

E o transporte coletivo é um deles.

Propor a criação de vagões especiais é uma forma de reconhecimento por parte do estado de que as mulheres são violentadas no caminho para o trabalho, para a escola, ou em seu horário de lazer.

No entanto, o reconhecimento dessas agressões não pode vir acompanhado de medidas pouco eficientes, como essa.

Vagões especiais são espaços de segregação. É o estado reconhecendo que mulheres são vítimas de violência e que a melhor forma de lidar com esse problema é o isolamento das vítimas.

Aos homens é permitido circular em todos os espaços da cidade e às mulheres apenas em alguns e em determinados horários.

Agora, apenas em certos vagões.

Então, o projeto de lei em nada contribui para um tratamento igualitário entre homens e mulheres, numa cidade em que ocorreu 28 estupros no transporte coletivo, entre 1998 e 2012.

Esse projeto parte do pressuposto de que mulheres são culpadas pela violência que sofrem e que basta retirá-las de circulação que os homens deixarão de ser assediadores.

Para que Recife deixe ser uma cidade violenta para as mulheres, deve-se investir mais em educação e menos em segregação.

Por essas razões, o SOS Corpo se posiciona contra o projeto que visa discriminar ainda mais as mulheres.

Entendemos que um transporte público de qualidade se faz com investimento no tráfego,nos ônibus e metrôs, no salário dos trabalhadores e trabalhadoras, na não repressão aos protestos pela sua melhoria e pelo passe livre, e na garantia de segurança às mulheres.