Por Adriano Oliveira A literatura dos estudos eleitorais considera a avaliação da administração dos presidentes como importante preditor dos resultados eleitorais.

A tese recorrente é de que gestores bem avaliados têm mais chances de vencer a eleição.

Os institutos de pesquisas consideram cinco indicadores para avaliar a gestão dos presidentes – ótimo, bom, regular, ruim e péssimo.

Com base nestes indicadores e nas pesquisas divulgadas pelo instituto Datafolha, avalio que a eleição presidencial de 2014, neste instante, sofre de forte grau de incerteza quanto ao resultado eleitoral, embora, Dilma mantenha o seu frágil favoritismo de vencer a eleição no primeiro turno.

A seguir, apresento as razões: 1.

Em 16/03/2011, 47% dos eleitores classificavam o governo Dilma Rousseff como ótimo/bom.

A avaliação da presidente foi crescente até 07/06/2013.

Nesta data, a avaliação positiva (ótimo/bom) da presidente foi de 57%.

Em 28/06/2013, nova pesquisa revelou que 30% dos eleitores aprovavam (ótimo/bom) o governo de Dilma Rousseff.

A queda abrupta na avaliação da presidenta deveu-se , em parte, às manifestações ocorridas em várias cidades do Brasil no mês de junho.

Após a queda, as pesquisas mostraram lenta recuperação da aprovação da presidenta.

Pesquisa realizada em 09/08/2013 mostrou que 36% dos eleitores aprovavam o governo Dilma.

E em 11/10/2013, 38%.

No período de 2 anos e 9 meses de governo, a presidente Dilma teve o seu ponto alto de aprovação em 21/03/2013 – 65% de aprovação.

E obteve porcentual menor em 28/06/2013 – 30%.

A pergunta neste instante é: na trajetória eleitoral que resta ao seu governo, Dilma recuperará o alto índice de popularidade já conquistado? 2.

Quando a aprovação de Dilma Rousseff decresceu para 30% (28/06/2013), a sua reprovação era de 25% (ruim/péssimo).

Tal reprovação está sendo reduzida lentamente.

Ou seja: Em 09/08/2013, a reprovação de Dilma foi de 22%.

E em 11/10/2013, 19%.

Portanto, quando avalio os indicadores aprovação e reprovação, observo lenta recuperação da avaliação de Dilma Rousseff.

Tal recuperação continuará? 3.

Regular é uma variável importante apresentada em todas as pesquisas eleitorais.

Esta variável, considerando uma linha imaginária, fica no centro de dois polos distintos, quais sejam: “aprovação” (ótimo/bom) e “reprovação” (ruim/péssimo).

Sendo assim, tenho a hipótese de que os eleitores que classificam a gestão de alguém como regular estão “indefinidos” quanto à avaliação do governo.

Neste sentido, eles poderão rumar, a qualquer instante, para um dos polos existentes: “aprovação” ou “reprovação”.

Outra hipótese que proponho é: a aprovação sugere que os eleitores não estão dispostos a mudarem o governo.

E os que o reprovam estão dispostos a mudarem. 4.

Diante do exposto, observo que em 16/03/2011, 7% dos eleitores estavam dispostos a mudar o governante.

Em 28/06/2013, eram 25%.

Nesta data, 30% queriam a continuidade da presidenta Dilma à frente da gestão do país.

As pesquisas seguintesdo Datafolha mostram que o desejo de mudança, perde, lentamente, força, pois em 09/08/2013, 22% reprovavam o governo e em 11/10/2013, a reprovação era de 19%. 5.

O número de “eleitores indefinidos”, no caso, os que classificam a gestão da presidenta Dilma como regular, sempre esteve, no período de 2 anos e 9 meses, igual ou acima de 27% no universo dos eleitores pesquisados.

Em 21/03/2013, 65% dos eleitores desejavam a continuidade da presidenta Dilma à frente do governo. 7% desejavam mudança e 27% estavam indefinidos.

Em 28/06/2013, pesquisa realizada após asmanifestações de junho de 2013, mostra que o desejo de continuidade era de 30%.

O de mudança de 25% e o porcentual de “eleitores indefinidos” foi de 43%.

Duas pesquisas realizadas recentemente mostram que o porcentual de eleitores indefinidos continua estável em 42%. 6.

Pesquisa do Datafolha realizada em 11/10/2013 revela que os eleitores indefinidos obtêm o seu maior porcentual entre os jovens (16-24 anos), 50%.

No universo dos que ganham de 2 a 10 salários mínimos, 44%.

E estão mais concentrados nas regiões metropolitanas, 44%; e na região Norte/Centro-Oeste, 44%. 7.

Portanto, avalio, conforme costumeiramente afirmo, que a eleição de 2014 continua em estado de incerteza, já que o porcentual de eleitores indefinidos continua estável, mesmo diante da lenta recuperação da popularidade da presidenta e de eventos políticos marcantes, como a aliança Eduardo/Marina.

Ressalto, que os “eleitores indefinidos” poderão se movimentar para qualquer um dos lados da linha imaginária.

A movimentação depende, obviamente, dos eventos que estão para ocorrer, e em particular das campanhas eleitorais.

Neste instante, não constato forte desejo de mudança por parte do eleitor.

Mas apenas indícios, os quais também refletem desejo de continuidade.

Adriano Oliveira é Doutor em Ciência Política e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).